quarta-feira, 10 de agosto de 2022

O Bordado



Desde quando me conheço por gente, mamãe já era costureira, e adorava bordar.

Ficava horas ao seu lado entendia "bulufas" do seu trabalho.

Se lhe perguntava o que fazia, a resposta era sempre a mesma: "bordando".

Sentado no chão ficava tudo confuso admirando lado do avesso daquele misterioso e complicado bordado.

Ela sorria, olhava para baixo, e pacientemente dizia:

_ Tatulino, vá brincar um pouquinho com o Tico.

Quando a mamãe terminar esse bordado eu o chamarei e o colocarei no colo para você olhar o bordado daqui de cima.

Minutos mais tarde, mamãe me chamava:

_ Tatulino, venha ver a minha obra-prima.

Sentava em seu colo e ficava todo radiante ao identificar detalhes de uma natureza toda colorida em seu bordado.

_ Óia, a mamãe é o máximo - dizia com lágrimas nos olhos.

Então, mamãe me dizia:

_ Tatulino, de baixo para cima ninguém entende nada mesmo, seu bobo. Do lado de cima a mamãe borda seguindo um desenho que já está traçado, e só vou colocando as cores conforme as qualidades do desenho.

O tempo voou, e eu cresci e, muitas vezes, me peguei olhando para o céu travando o seguinte diálogo:

_ Pai, o que o senhor está fazendo?

_ Estou bordando a tua vida.

_  Mas está uma desordem, e os fios parecem tão opacos!

_ Meu filho,  ocupa-te com o teu trabalho... Enquanto Eu faço o meu. Um dia o trarei ao céu e o colocarei em meu colo e aí, então, você verá o plano... Da minha posição.

Aulus Di Toam 


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