_ "De vez em quando a gente precisa sacudir a
árvore das amizades para caírem as podres" - dizia a professora, dona
Joaninha, para nós, jovenzinhos do primeiro ano daquela escola do interior.
Velhos tempos eram aqueles em que nem imaginávamos
o que vinha pela nossa frente.
Durante a minha adolescência acabei indo morar
longe dos meus pais, por motivo de estudo. E acabei nunca mais voltando para a
minha terra natal, a não ser para visitá-los.
Tão logo me vi formado, a minha profissão me forçou
a permanecer na cidade grande.
Acabei conhecendo muita gente e passei a conviver,
cada vez mais, com novos amigos.
Um dia o velho Marroquino, um sábio que
repentinamente apareceu em minha vida, após ouvir atentamente a estória da
árvore das amizades, me questionou.
_ E você nunca sacudiu a árvore das suas amizades?
_ Ah, eu sei com quem ando! Deixa isso prá lá!
Eu sei separar o joio do trigo!
Afinal, a minha vida estava muito boa. Tinha
emprego e um montão de amigos. Mal tinha tempo para os da família. Festinha prá
cá, presentinho prá lá, empresta daqui, toma de cá... E assim a vida ia. Prá
que me preocupar com besteiras!
Algum tempo depois acabei perdendo o emprego, a
situação da minha nova família já não estava como era antes e, gozado, os meus
amigões há tempo que não os via.
_ Bem, deixa isso prá lá - devem ser essas
coincidências da vida! - pensava.
Naquele primeiro final de semana, ao encontrar com
o velho Marroquino, depois de horas de muita conversa, ele me convenceu:
"CHEGOU A HORA DE SACUDIR A ÁRVORE DAS AMIZADES".
_ Você deixou de bancar as festinhas e ainda acha
coincidência que os seus amigos não o procuram mais? Você não tem mais nada prá
emprestar e ainda acredita neles, não é?
_ Marroquino, tá bem! Vamos fazer uma coisa!
Eu vou falando para você quem são os meus amigos.
Vou selecioná-los, tá bem? E você me ajuda na construção da árvore das minhas
amizades.
A árvore já tinha terminado quando eu ainda dei uma
gozada no Marroquino:
_ Imagina, Marroquino! Fulano, Ciclano e Beltrano
são os meus melhores amigos. Você e a professora, dona Joaninha, devem estar me
gozando, só pode ser!
_ Marroquino, prá você depois não vir dizer que fiz
"malandragem" vou sacudir a árvore de olhos fechados, e aí você me
fala quem são os meus melhores amigões.
Tapei os olhos com uma fita e Marroquino me levou
para o quintal de sua casa bem debaixo da tal árvore.
_ Pronto, Marroquino, vou sacudir.
_ Pode começar - disse o Marroquino.
Mal comecei a sacudir e Marroquino gritou:
_ Pare! Pode parar!
_ O que aconteceu, Marroquino?
_ Xiiii, só sobrou o teu pai!
Aulus Di Toam
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