quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

O Sinal do Perdão

Existia um casal que morava numa região distante, prá lá do alto do monte.

Esse casal tinha um único filho, chamado Picuinha, que não se relacionava bem com o seu pai.

Sempre que tinha uma oportunidade reclamava para sua mãe:

_ Esse homem só quer que eu estude e trabalhe, deste jeito não dá para conviver com vocês.

Picuinha se tornou mais velho e, um dia, brigou tanto, mas tanto com seu pai, que resolveu sair de casa.

A mãe insistiu:

_ Meu filho, não vá embora. O seu pai só quer o melhor para você. Um dia você verá que isto é passageiro, e que de todos os seus amigos, somente um é verdadeiro: seu pai.

Picuinha virou-se para a mãe e disse: 

_ Vocês não me amam, vou embora daqui.

Picuinha foi para a cidade grande e devido ao trabalho com seu pai pode arrumar um emprego, desenvolveu uma profissão e assim poderia se sustentar.

Anos e anos se passaram e Picuinha se apaixonou por uma linda moça. Casaram-se e anos depois tiveram o primeiro filho. Num determinado dia sua esposa lhe disse que queria apresentar o filho aos seus pais.

Picuinha pensou um pouco e disse:

_ Não, meus pais não! Eles não me amam, eles não vão querer conhecer o nosso filho. E além do mais, muitos anos se passaram e eles já devem ter morrido. Alguns anos depois tiveram um outro filho. 

O tempo passou e quando as crianças estavam brincando, o mais velho lhe fez uma pergunta que tocou o seu coração:

_ Papai, nós só conhecemos os nossos avós maternos. Você não teve papai nem mamãe como nós? Naquele instante Picuinha resolveu rever seus pais e tentar uma reaproximação.

E pôs-se a escrever uma carta aos pais, que dizia:

_ Oi. Aqui é o Picuinha, eu me casei e tive dois filhos. Eles querem conhecer vocês. Não sei se depois desses longos anos você já me perdoaram. Não sei se vão querer me ver, mas irei visitá-los com minha família. Se me perdoaram, coloque um pano branco onde eu possa ver, porque estarei indo de trem que passa bem em frente à casa de vocês e assim eu saberei se posso voltar ou não.

Para fazer uma bela surpresa para os seus pais acabou comprando muitos presentes para eles, e finalmente pegaram o trem. Durante o trajeto demostrava-se muito impaciente:

_ Será que eles receberam a carta. Será que me perdoarão. Será que estão vivos. Não parava de andar de um lado para o outro no trem. Quando chegou numa estação anterior ao destino, Picuinha não conseguia mais se conter. Suava frio e mal podia falar. O trem saiu e Picuinha grudado na janela como uma criança. Não via a hora de chegar a sua antiga casa. O trem entrou em uma curva e Picuinha sabia que depois daquela curva conseguiria ver a casa de seus pais. Após essa curva conseguiremos ver a casa do vovô e da vovó, disse Picuinha

Ao terminar a curva, Picuinha e sua família puderam ver a casa. Ela estava cheia de lençóis brancos, nas cercas, nas janelas, na antena, no telhado e o mais comovente: um casal de velhinhos, de cabelos brancos, vestidos de branco, acenando com lenços também brancos, para o trem... Em sinal de perdão ao filho.

Adaptação de Aulus Di Toam 

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