segunda-feira, 28 de setembro de 2020

A Morte é um dia que vale a pena Viver


A história de como eu conheci este livro é interessante...

Eu estava assistindo o programa Direção Espiritual com o Padre Fábio de Melo, e na segunda parte do programa ele falou - e mostrou - o livro. Elogiou muito o livro e a autora. O programa terminou e me toquei que eu não anotei (nem guardei na memória) nem o título, nem o nome da autora. Não me perdoei por isso. Mas eis que, no dia seguinte, a minha irmã Shirlei mandou o catálogo do Avon em PDF para eu ver. E não é que o livro estava lá! Foi muita coincidência. E assim o comprei.

O livro que tem 127 páginas é muito bom mesmo. Li rapidinho. Terminei ontem.

A autora começa se apresentando. Ela é médica e a especialidade é: cuidar de pessoas que morrem. Ela conta sua trajetória até se especializar em Cuidados Paliativos.

Ela diz muitas coisas que vão de encontro com o que penso. Inclusive ela também é bem dura e firme com as palavras. Eu grifei alguns trechos do livro: 

“Parece que cai bem socialmente dizer que você não teve tempo de almoçar, não teve tempo de dormir, não teve tempo de mexer o corpo, de rir, de chorar - não teve tempo de viver. A dedicação ao trabalho parece estar ligada a um reconhecimento social, a uma forma torta de se sentir importante e valorizado; tudo à sua volta tem a obrigação de entender que o mundo só pode girar se você estiver empurrando.” Pag.19

“O ato de cuidar de alguém que está morrendo sem a responsabilidade do autocuidado é, a meu ver, uma expressão clara e absoluta de hipocrisia. Total hipocrisia. Quem cuida do outro e não cuida de si acaba cheio de lixo. Lixo de maus cuidados físicos, emocionais e espirituais. E lixos não servem para cuidar bem de ninguém. Simples assim. Muitas vezes ouço relatos como este: "Eu cuido da minha mãe, eu cuido do meu pai, eu cuido da minha irmã, eu cuido do meu marido, eu cuido dos meus filhos. Não tenho tempo para me cuidar." E aí eu digo: "Não conte isso para ninguém, então! É um vexame”.” Pag.36

“Gastamos tempo com bobagens, com sofrimentos desnecessários. A maioria de nós chega a ser perdulária com o tempo de vida. E não há como se apegar a ele. Nós nos apegamos a tudo: às pessoas, às roupas, ao dinheiro, ao carro. Bens materiais que compramos e levamos para casa. Mas não é possível segurar o tempo. Em relação a ele, a única coisa de que podemos nos apropriar é a experiência que ele nos permite construir sem parar.” Pag.43

“O que separa o nascimento da morte é o tempo. A vida é o que fazemos dentro desse tempo; é a nossa experiência. Quando passamos a vida esperando pelo fim do dia, pelo fim da semana, pelas férias, pelo fim do ano, pela aposentadoria, estamos torcendo para que o dia da nossa morte de aproxime mais rápido.” Pag.47

“O problema é que caminhamos ao lado de pessoas que pensam que são eternas. Por causa dessa ilusão, levam a vida de modo irresponsável, sem compromisso com o bom, o belo e o verdadeiro, distanciadas da própria essência. Pessoas que não gostam de falar ou pensar sobre a morte são como crianças brincando de esconde-esconde numa sala sem móveis: elas tapam os olhos com as mãos e acham que ninguém as vê. Pensam de um jeito ingênuo: "Se eu não olho para a morte, ela não me vê. Se eu não penso na morte, ela não existe”." Pag.50

“O que causa verdadeiro arrependimento é precisar de máscaras para sobreviver no ambiente profissional. Quando existe uma diferença entre quem somos na vida pessoal e quem somos no trabalho, então estamos em apuros.” Pag.91

“Quando aceitamos que nosso trabalho se distancie da nossa essência, temos a sensação de tempo desperdiçado, principalmente se preferimos nossa essência ao nosso trabalho.” Pag.92

“Fazer o bem para ser feliz na vida é diferente de fazer o bem para se dar bem no trabalho. Se escolhemos o autocuidado não pelo prazer de receber uma massagem, mas para não ter dor nas costas e, assim, poder trabalhar melhor no dia seguinte, então talvez haja algo errado com nossos motivos.” Pag.93

“Para apagar um fogo na floresta é preciso água; fogo de eletricidade pede espuma e fogo de palavras exige silêncio.” Pag.98

Lógico que essas palavras podem não dizer nada fora do contexto. Mas dá para ter uma ideia da riqueza que é este livro. Vale muito a pena ler. Vale muito a pena ter para reler, uma vez que a morte vai chegar... Para mim, e para entes queridos. E é bom estar preparada para isso.

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