segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Gratidão!

Oi Charles,
Tudo bem com você?
Você não me conhece. Trabalhei como empregada doméstica dos seus pais entre 1979 e 1980. Eu tinha entre 12 e 13 anos. Eu morava no Jardim Campos Elíseos. Vocês em um apartamento, no bairro São Bernardo.
Eu senti vontade de escrever para vocês, porque vocês fizeram parte da minha vida. Da minha história. Com certeza, um pouco do que sou hoje, devo a vocês.
Vou contar a lembrança que tenho de cada um de vocês:
Sr.Gilberto – Um bom homem. Um bom pai. Um bom marido. Um bom patrão. Quando eu chegava de manhã, ele já tinha saído para o trabalho. Ele trabalhava no Sindicato dos Metalúrgicos. Se não me engano ele é oftalmologista. Ele ia almoçar em casa. E toda sexta-feira ele levava um bolo de chocolate. Sempre, antes de eu ir embora, no final do expediente eu comia bolo. Chega a dar água na boca só de lembrar. A sexta-feira, apesar de ser dia de faxina, era o dia que eu mais gostava, mais esperava, por causa do bolo.rsrs
D.Jacira (não sei se é com “i” ou com “y”) - Como ela ficava em casa (não trabalhava), nós passávamos o dia inteiro, juntas. Eu não me lembro de algum dia ela ter dado bronca em mim. Não sei se eu fazia tudo certinho, ou se ela era muito paciente, bondosa.rsrs Ela fazia um frango ao molho de vinho tinto di-vi-no. Ainda consigo visualizar ele borbulhando dentro do pirex de vidro, no forno. O cheiro... O sabor. Nunca mais comi igual. Agora tem duas coisas que sua mãe fazia e, quando lembro ainda acho engraçado. Ela cutucava com o cabo da vassoura, o forro do apartamento, para brigar com os moradores do apartamento de cima. Eles faziam muito barulho.  E quando as mocinhas (talvez paqueras) ligavam para você. Sua mãe atendia e elas perguntavam se o Charles estava. Sua mãe falava: O William não está! Eu percebia que ali tinha uma pontinha de ciúme.rsrs
Charles, sua mãe e seu pai foram muito bons comigo. E com minha família. Quando eu fiz um ano trabalhando para vocês (ou será que foi meu aniversário?), sua mãe me deu um pijama de seda azul, lindo! Ela me dava bastantes presentes. E sabe... A primeira geladeira da minha casa eu ganhei dos seus pais. Não sei de onde veio. Se eles trocaram a deles. Se alguém estava doando e eles pegaram pra gente. Sei que sou muito grata aos seus pais por isso.
Ana Lúcia – Uma moça linda e educada. Era professora em uma escolinha que ficava na Avenida das Amoreiras. Como ela sofria com as cólicas. Ela se contorcia de dor na cama. Eu ficava morrendo de dó. Eu era apaixonada, pelas roupas e calçados dela. Ela tinha uma saia toda de retalhos muito chique. E um sapato de salto (scarpin) combinando. Se não me engano eram de veludo. Eu admirava muito a Ana pela educação, pela beleza e por seu bom gosto em se vestir.
Jean (se não me engano era Jean Carlos) – Eu quase não o via. Quando eu chegava ele não estava, não lembro se ele trabalhava e ia almoçar em casa, pois de vez em quando eu cruzava com ele pelo apartamento.
William Charles – Você e sua mãe foi com quem mais convivi, pois ficavam em casa. Você devia ter uns 18 anos. Estudava no Vitor Meirelles. Jogava vôlei ou basquete. Você ficava lá, pelo apartamento. Quase sempre vendo TV. Isso eu sei por que às vezes eu estava limpando a sala e você vendo TV. Eu podia arrastar o sofá com você, que você nem percebia.rsrs  Não tenho o que reclamar de você. Nunca foi mal educado. Nunca me tratou mal. Acho que nunca nem mandou em mim. Engraçado... Não me lembro de nenhum de vocês me mandarem fazer coisas. Sua mãe que pedia para eu fazer.
Não lembro se era a Ana ou o Jean que me chamavam de “margstreet”. Não sabia o que significava, também nunca perguntei. rsrs 
Hoje eu gosto de algumas músicas que aprendi a gostar porque ouvia na sua casa. Não lembro se era a Ana ou o Jean que ouviam essas músicas: Não Chores Mais, Realce (Gilberto Gil), Balancê (Gal Costa) e Rita Lee. Hoje sou fã desses cantores, provavelmente influência de vocês.
Enfim, só tenho boas lembranças de todos vocês. Na época eu não devia pensar assim, porque quis sair. Saí sem avisar. Simplesmente abandonei vocês. Revoltas de adolescente. Lembro-me da sua mãe chegando à minha casa para conversar com minha mãe. Acho que queria saber por que eu não tinha aparecido mais no trabalho.
Mas foi bom, porque prestei prova para o Patrulheiro e passei. E foi lá que entrei no primeiro escritório de contabilidade.
Charles desculpa escrever esse textão. É que, como disse no início, senti vontade de escrever. Dizer que vocês todos foram especiais e importantes na minha vida. Muita gratidão a todos vocês! Hoje e sempre!!
P.S. Pode ser que eu tenha confundido nomes. Profissões. Ou até mesmo acontecimentos. Afinal já se passaram quase 40 anos. Mas tudo que escrevi é a forma que me lembro. Corrija-me se for preciso.

Pós escrito de 10/03 (resposta do Charles): Oi Margareth.  Bom dia. Obrigado pelo seu lindo depoimento. Nossa qto detalhe. Meu pai era ótico e faleceu em outubro de 2018. Minha mãe está bem mas sente a falta dele porém estamos fazendo o possível para suprir isso. Jean  voltou de SP e está morando com ela nesse período.  E a Ana se aposentou recentemente como professora. Desculpe responder tanto tempo depois. Mas eu utilizo muito pouco esse aplicativo. Mas foi muito legal esse contato. Bom ano pra vc e sua família. Obrigado
Agora vocês podem ligar um para o outro e ver informações como o status online e quando vocês leram mensagens.
Ahhh faltou falar de mim....separei duas vezes e tenho um filho de cada relacionamento.  Júlia 18a está no Canadá e Arthur com 23 está em Bauru . Ambos estudando . Continuo trabalhando  para forma esse time. Kkkkk
 Abcs

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