quarta-feira, 17 de julho de 2013

Dona Rosa do Mercado Campineiro

Dona Rosa é uma japonesinha muito meiga, simples e educada.  Pequenina, o corpo já está meio encurvado, provavelmente devido à idade, deve ter mais ou menos uns 80 anos. Provavelmente *Rosa é o nome que os pais escolheram para ela usar no Brasil. Não sei o nome verdadeiro. Poderia tentar saber. Poderia até mesmo tentar tirar uma foto dela (seria melhor ainda se conseguisse uma foto com ela), porém, tenho receio de ser mal interpretada. O povo japonês é bastante discreto, não gostam de se expor. Sei disso, sou descendente de japoneses. E também, com tanta coisa ruim que acontece nesse mundo. Querer saber nome, e tirar foto pode gerar desconfiança.
Dona Rosa tem uma frutaria no Mercado Municipal, fica na entrada principal. Da rua podemos vê-la cuidando das suas frutas e atendendo seus fregueses. Veste-se bem à vontade... Sempre trajando calça de moletom, camiseta e chinelinho nos pés.
Ela não trabalha sozinha. Tem um homem que deve ter entre 35 e 40 anos que a ajuda. Tem jeito de ser filho dela. D.Rosa é uma flor em pessoa, sempre muito atenciosa. A gente pergunta se a fruta está boa para consumo. Se ainda não está ela nos diz quando "estará boa". Conforme a gente vai escolhendo o que quer, a Dona Rosa vai pesando e anotando o valor em um pedaço de papel. Depois soma tudo... Ela faz uma conta (rápida e precisa) que deixa muita gente de boca aberta, inclusive eu.
Ao nos dar o troco sempre agradece com gestos de reverência (movimento em que levanta e abaixa o corpo) e fala em japonês: Arigatô e mais algumas palavras que não sei escrever.rss
Sem falar que a gente faz a compra ouvindo canções japonesas.
Percebi que estes dias colocaram uma faixa com o seguinte slogan: “Frutaria Dona Rosa – Um lugar à moda antiga”.
A Dona Rosa atende nesse mesmo local há mais de 30 anos... Fazendo jus ao slogan. Lembro que eu ia com a minha mãe nesse mercado. Depois que ela fazia compras, a gente sentava para comer um pastel. A pastelaria ficava em frente à frutaria da D.Rosa. Hoje no local funciona uma loja de “Xing Ling”.  E enquanto eu comia, via a D.Rosa do outro lado, atendendo com aquele seu jeitinho peculiar. 
Não passo uma semana sem vê-la. Me faz bem ver uma pessoa tão disposta, tão batalhadora.
Não tem como não admirar e não se apaixonar por uma pessoa assim.

D.Rosa atendendo um freguês
* Sei que muitos japoneses adotam nomes brasileiros, para facilitar. Na minha família todos são assim, pelo menos os mais velhos. Por exemplo: o nome da minha mãe Tieco é Teresa. O meu tio Kenji é Roberto e por aí vai. Não sei se é a conversão do japonês para o brasileiro. Vou tentar tirar essa dúvida com a minha mãe.

Consegui tirar a foto acima quando fui com a Priscila comprar umas frutas. Peguei meu celular meio escondidinho  e tirei a foto. Como disse lá no início, não saberia como explicar para a Dona Rosa que queria tirar um foto dela.

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