domingo, 4 de abril de 2021

Ontem à noite

Ontem à noite, depois da sua partida definitiva, fui para aquela sala do rés-do-chão que dá para o parque, fui para ali onde fico sempre no mês de junho, esse mês que inaugura o Inverno.

Tinha varrido a casa, tinha limpo tudo como se fosse antes do meu funeral.

Estava tudo depurado de vida, isento, vazio de sinais, e depois disse para comigo:

Vou começar a escrever para me curar da mentira de um amor que acaba.

Tinha lavado as minhas coisas, quatro coisas, estava tudo limpo, o meu corpo, o meu cabelo, a minha roupa, e também aquilo que encerrava o todo, o corpo e a roupa, estes quartos, esta casa, este parque.

E depois comecei a escrever...



P.S. Hoje é o aniversário dessa grande romancista, novelista, roteirista, poetisa, diretora de cinema e dramaturga francesa.

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