sábado, 17 de abril de 2021

O Candidato Honesto

Estava de boa e quis assistir um filminho. Encontrei este no Globoplay. Decidi assistir só pra ver como vai ser isso. Porque a gente tem desconfiança com relação a políticos. Podem até ter os bem intencionados, mas quando cai lá dentro, tem que ter muita força de vontade.


Data de lançamento: 02 de outubro de 2014 / 1h 50min

Direção: Roberto Santucci

Roteiro: Paulo Cursino

Elenco: Leandro Hassum, Luiza Valdetaro, Victor Leal

Gênero: Comédia

Sinopse: João Ernesto Ribamar (Leandro Hassum) é um político corrupto, candidato à presidência da República. Ele está no segundo turno das eleições, à frente nas pesquisas, quando recebe uma mandinga da avó, fazendo com que ele não possa mais mentir. Agora começa o problema: como vencer uma eleição falando apenas a verdade?

Fonte: https://www.adorocinema.com/filmes/filme-226243/

É sempre muito engraçado esses filmes em que a pessoa não pode mentir. A gente mente, até mesmo para não magoar o outro. Por isso dizem que se quer saber se está gordo ou magro, feio ou bonito, bem vestido ou ridículo, etc, é só perguntar para uma criança. Elas não tem essa malícia. Não pensam se está magoando ou não. Isso porque, na verdade, elas nem sabem o que é magoar. Ofender. Chatear.

Então, quando João Ernesto começa a falar somente a verdade, é muito engraçado. Ele já começa esculhambando a mulher. Fala que o terninho que ela está usando é ridículo. Fala para ela sorrir menos, para não aparecer a gengiva. Ele não consegue mais mentir de jeito nenhum e imagine isso para uma pessoa que precisa dar entrevistas. Uma pessoa pública.

Eu dei muita risada. Falar a verdade dói e o candidato sentiu isso na pele. Porque, a partir do momento que começou a falar a verdade, só apanhava.rsrs

O que vou escrever abaixo, copiei de uma crítica do site Adoro Cinema. 

A avó diz “João, seja um homem honesto”, no que ele retruca “eu vou para Brasília, se eu for honesto lá, vou me sentir muito sozinho”. O assessor diz “João, estamos chegando ao Congresso”, no que ele responde “ih, quase nunca venho”. O pai de santo diz “eu estou acostumado com as criaturas das trevas”, no que ele pergunta “Ah, o demônio?”, e ouve como resposta “não, os senadores”.

As piadas de “O Candidato Honesto” refletem um total descrédito da população com os políticos brasileiros. É jogar para a plateia, reforçando preconceitos. O caminho é fácil; o resultado, previsível. E abusa-se do humor físico, com trapalhadas, mamilo e peido. É um “Zorra Total” com palavrão.

Fora a trama previsível, a personagem de Luiza Valdetaro é inacreditavelmente absurda. A jovem atriz dá vida a Amanda, uma jornalista que trabalha em uma redação inverossímil (um misto de jornal impresso de cunho político com programa de TV de celebridade – até aí, vai um desconto, ninguém tem a obrigação de conhecer, nem razoavelmente, as diferentes estruturas de um veículo noticioso) que, inexplicavelmente (e aqui está o maior problema) acredita na boa intenção de João Ernesto.

O ponto positivo são as referências a personalidades conhecidas, salpicas ao longo do filme. É quase divertido imaginar quem poderia ser a aspirante a primeira dama de gengivas saltitantes. E qual estilista teria assinado o terninho colorido declaradamente cafona (João Ernesto não mente) que ela escolhe para usar em um programa de auditório? Há um deputado corrupto de cabelo engomado que evoca o nome de Deus na hora de negociar um apoio político (algum palpite?).

De engraçado mesmo, sobra a participação do pai de santo já mencionado, que “recebe” figurões inusitados – e até artistas – de outro plano, no momento do filme que tem maior potencial para surpreender a plateia (daí a graça).No fim, o filme tenta justificar o(s) próprio(s) meio(s) usados, a partir da reabilitação moral do protagonista. O discurso político é raso, mas a mensagem, significativa. Resta saber se, depois de quase duas horas de reforço do senso comum de que todo político é corrupto, ainda é possível acreditar na honestidade de um candidato fora da sala de cinema.

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