quarta-feira, 10 de abril de 2024

Dualidade interior

O filho aproxima-se do pai, já cheio de raiva no coração porque seu melhor amiguinho havia cometido uma injustiça.

_ Deixe-me contar-lhe uma história – diz o velho pai.

“Muitas vezes senti grande ódio daqueles que aprontaram, principalmente quando percebia a maldade ou quando eles não se arrependiam.

Todavia, com o tempo aprendi que o ódio me corroía, mas não feria o meu inimigo.

É como tomar veneno ao desejar que o inimigo morra.

Passei a lutar contra esses sentimentos”.

E o experiente homem continuou...

“Tenho a sensação de que existem dois lobos dentro de mim.

Um dos lobos é bom, só quer o bem, e não magoa ninguém.

Esse lobo vive em harmonia com o universo ao seu redor, e não se ofende, é paciente e só transmite paz – a felicidade da alma.

Esse lobo só luta quando é certo lutar, e quando luta, o faz da maneira correta.

Mas, ah, o outro lobo é cheio de raiva.

Mesmo pequeninas coisas provocam sua ira.

Ele briga com todos, o tempo todo, em qualquer lugar, sem qualquer motivo.

Ele não consegue nem pensar, porque sua raiva e seu ódio são tão grandes que ocupam toda sua energia mental.

É uma raiva inútil, porque essa raiva não mudará o mundo.

Às vezes, é difícil conviver com os dois lobos dentro de mim, porque ambos tentam dominar meu espírito”.

O garoto – atento – olhou intensamente nos olhos do pai e carinhosamente perguntou:

_Qual deles vence, pai?

O velho pai sorriu e respondeu baixinho:

_Aquele que eu alimento com mais frequência.

Adaptação de Aulus Di Toam

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