domingo, 14 de fevereiro de 2021

O bem mais valioso

Há muitos e muitos anos, dois jovens apaixonados resolveram se casar.

Ainda não tinham estabilidade financeira, mas a confiança mútua fazia com que acreditassem num belo futuro, desde que tivessem um ao outro.

Assim, marcaram a data para se unir, em corpo e alma.

No dia do casamento exigiram do tabelião uma cláusula especial no contrato daquela união: caso uma das partes quisesse algum dia a separação, a outra poderia se beneficiar e se apoderar do bem mais valioso dentre os diversos do casal.

Casaram-se.

Decididos a melhorar de vida, trabalharam arduamente e foram recompensados. Cada novo resultado financeiro alcançado fazia com que trabalhassem ainda mais.

O tempo passou e o casal prosperou.

Conquistaram uma situação financeira econômica invejável, e finalmente ficaram ricos.

Mudaram-se para a ampla casa nova, fizeram novos amigos e cercaram-se dos prazeres da vida.

Mas dedicados em tempo integral à prosperidade financeira, aprenderam a pensar mais nas coisas do que no outro. Discutiam sobre o que comprar, quanto gastar, como aumentar o patrimônio.

Certo dia, enquanto preparavam uma festa para amigos importantes, discutiram sobre uma bobagem qualquer: a roupa a ser usada, a qualidade do vinho, ou coisa assim. Começaram a levantar a voz, a gritar, e chegaram às inevitáveis acusações.

_ Você não liga para mim! – gritou o marido. Só pensa em você, nas roupas, nas joias e nos sapatos. Pegue o que achar mais valioso, como prometi, e volte para a casa de seus pais. Não há motivo para continuarmos juntos.

A mulher emudeceu por alguns instantes, mas acabou encarando-o:

_ Muito bem – disse ela – quero mesmo ir embora. Mas iremos passar juntos esta noite e receber nossos amigos, e salvar as aparências.

A noite chegou e a festa se instalou com todo o luxo e fartura que a riqueza permitia. Alta madrugada, os convidados se retiraram e o marido adormeceu. Ela então pediu aos empregados para ajudá-la a leva-lo à casa dos pais dela.

Quando ele acordou na manhã seguinte, não sabia onde estava e, quando se virou na cama, a mulher estava deitada ao seu lado.

_ Querido! Lembra que nós celebramos um contrato onde há uma cláusula que beneficia o outro na separação! “O outro pode levar o bem mais valioso que houver”. Você é o que tenho de mais valioso! Quero você mais do que tudo na vida, e só a morte poderá nos separar.

Eles se olharam como nunca haviam se olhado e perceberam que os germens do egoísmo haviam tentado se alojar em seus corações.

Aulus Di Toam

* Hoje: Dia Mundial do Amor

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