quarta-feira, 7 de maio de 2025

Minha mãe: Passando a noite com ela na UPA do Padre Anchieta

Na postagem anterior escrevi que minha mãe está na UPA do Padre Anchieta. Quis ficar a noite com ela. Saí do trabalho, passei em casa, troquei de roupa, comi um pouco do miojo com feijão (que a Letícia preparou) e fomos para a UPA. Shirlei pediu para levar hidratante. Comprei na farmácia que fica na avenida próximo da UPA.

Quando chegamos estavam o Marquinhos, a Andressa e o Sandro do lado de fora. Já tinham ido ver minha mãe e estavam esperando a Shirlei. Falei para a Letícia ir na casa da minha mãe para conversar um pouco com a Silvana. E se possível dormir lá. Assim ela levaria a Silvana de manhã na UPA  e me levaria para casa. Eu me despedi deles e entrei. 

Minha mãe está em um salão que fica no final do corredor. A gente entra por uma porta grande e segue reto. Eu vi a Shirlei e fui até ela. Não nos falamos muito, até porque tudo que tinha sido feito ela tinha passado no grupo. Ela só mostrou onde estavam as coisas e foi embora.

O salão onde minha mãe está tem oito camas hospitalares. A cama da minha mãe é a última do fundo. Ao lado do banheiro. Do outro lado das janelas.

A Shirlei saiu e eu fui falar com a minha mãe. Ela estava respirando bem ofegante. Fazendo barulho. De vez em quando dava umas engasgadas. Nesses momentos eu chegava perto dela, pedia para ela acalmar. Respirar. Tossir. Engolir. Falava de tudo para tentar ajudar.

As 20h trocaram a fralda dela e aferiram a pressão, que estava 11x7.

Percebi que ela estava com muita secreção. Um pouco antes das 21h ela abriu bem a boca, eu iluminei com o celular e vi como placas de secreção, que poderiam dificultar a respiração. Fui atrás de uma enfermeira e perguntei se ela podia fazer aspiração na minha mãe. Ela falou que ia. Ela estava terminando de ajudar a outra enfermeira trocar um paciente quando viu eu em apuros com a minha mãe, que não conseguia respirar. Ela foi fazer a aspiração. A secreção estava tão grossa que mal passava pelo cano. A enfermeira pediu para eu ir buscar um copo de água. Peguei e ela colocou o cano na água para empurrar a secreção para o pote. Sei que ela ficou um tempão aspirando. E depois que ela fez isso minha mãe ficou mais tranquila. E eu também.

As 23h20min a enfermeira colocou no acesso venoso: Acetilcisteína (expectorante) e Dipirona. Fez bombinha e deixou a morfina pingando.

Eu passei a noite e madrugada inteira em pé, ao lado da cama. Segurando a mão da minha mãe. Rezamos o Rosário. O Terço da Divina Misericórdia. Coloquei um show do Frei Gilson com cinco horas de duração. E de vez em quando colocava André Rieu para minha mãe ouvir. Até porque não queria que ela ficasse ouvindo a barulheira da sala. Tinha uma paciente que chorava de soluçar. Dava desespero de ouvir. Tinha uma paciente que cantava. Eu não entendia muito o que ela cantava, mas sei que ouvia duas palavras nitidamente: Deus e diabo. Tinha um senhor na cama que ficava do lado da cama da minha mãe. Ele estava com os braços amarrados. Ficava se debatendo de vez em quando. No canto, do outro lado da sala, quase em frente da cama da minha mãe estava o João. Pelo jeito estava drogado. Ou é doente mental. Esse deu trabalho a noite e madrugada inteira. As enfermeiras o amarravam, mas ele se soltava.

Na frente da cama da minha mãe tinha uma idosa. A filha dela que estava de acompanhante estava com medo do João. Ela me falou que ele é ladrão e era para eu tomar cuidado com o meu celular.

Então a noite foi assim. Entre orações. Conversas com minha mãe. Conversas com a mulher. Durante a madrugada as enfermeiras apagaram um pouco as luzes e desapareceram. Já fiquei pensando o que faria caso precisasse do socorro delas. Só por Deus mesmo. De vez em quando aparecia um(a) enfermeiro(a) e ficava atrás do balcão. No meio da madrugada chegou mais um paciente. Um senhor, com o filho de acompanhante.  

Um pouco antes das 5h passaram para trocar as fraldas. Minha mãe tinha feito somente xixi. Aspiraram e fizeram bombinha. Um pouco antes das 7h aferiram a pressão que estava 113x56. Saturação 92.

Teve a troca de turno. Não gostei muito das enfermeiras que vão ficar de dia. A Silvana vai ter que ficar de olho. Gostei mais das que ficaram a noite, principalmente a que fez as aspirações. Bastante cuidadosa e atenciosa. É fogo porque a gente já fica sensível com toda essa situação, e infelizmente ficamos nas mãos dos médicos e enfermeiros. E é triste quando vemos que tem alguns que fazem o trabalho pelo dinheiro. Não tanto por amor.

A Letícia chegou com a Silvana era 7h. Conversei um pouco com a Silvana e fui embora. Letícia me deixou e foi trabalhar. Eu caí na cama e dormi. 

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