segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Oleanna

“Oleanna” obra escrita por um dos maiores mestres americanos da linguagem, David Mamet, mostra encontros de uma aluna com seu professor, aborda questões sobre diferenças culturais, comportamentais e se debruça sobre o que seria o “politicamente correto”. A direção é de Gustavo Paso, que conta no elenco com Marcos Breda e Luciana Favero. Com realização da Cia Teatro Epigenia e produção local da BR Produtora.
A peça é apresentada em três encontros de uma aluna que cobra do seu professor um melhor empenho dele na arte de ensinar, pois ela está prestes a ser reprovada e não consegue aprender nada do que o seu mestre lhe ensina.
No primeiro encontro entre eles, o professor lhe diz: “Acho que você está com raiva.” Já no terceiro e derradeiro encontro, é ela quem diz: “Entendo a sua raiva.” Há outros momentos em que eles se assemelham ou tornam-se mais próximos um do outro no desenrolar da trama. E momentos em que diferem ou trocam de posição.
Diante de uma série de atos desordenados e palavras sem clareza e equivocadas, a aluna questiona se não existem regras. Para a surpresa dela, seu mestre lhe afirma que ele pode violar todas elas. A trama se desenrola a partir de embates fortes, com proporções nunca imaginadas, fazendo-nos refletir sobre nossas diferenças, valores culturais, comportamento e principalmente sobre a definição de “politicamente correto”.
Trata-se do poder, da relação subordinado, do descontrole emocional, trata não exatamente da derrota da razão, mas da derrota da razão cega, da razão onipotente, da razão arrogante.
Não é de se surpreender o fato de que David Mamet originalmente deu à sua Oleanna o subtítulo de “Uma peça sobre poder”. Historicamente, a batalha do politicamente correto visava o poder – cultural, político, econômico, social, sexual, pessoal – e como sempre aconteceu nas chamadas guerras da cultura, a linguagem era tanto a principal arma como também o território a ser conquistado.
De acordo com a crítica do New York Time: “Mamet dá um soco na boca do estomago... e no intelecto. Um malicioso e oportuno dialogo sobre o politicamente correto”.
A incomunicabilidade humana
O verdadeiro drama de Oleanna reside na forma como os personagens, tendo a possibilidade de se aproximar e de se compreender mutuamente, decidem que as suas diferenças são irreconciliáveis, acabando por se mostrar incapazes de se comunicarem. A verdade é que todo tem o direito de se expressar, mas qual o limite? Ate onde podemos ir?
A peça nos da uma visão clara do quanto precisamos estar abertos e dispostos a realmente ajudar o outro. Que a experiência e inteligência de cada um deve ser usada a favor do outro e não de si mesmo.
David Mamet é um dos maiores mestres americanos da linguagem, não só por possuir seu próprio estilo distinto, mas também pela sua sensibilidade apurada em perceber como a linguagem é usada para manipular e dominar.












Quando a Karen mandou torpedo dizendo que tinha ganhado ingressos, e perguntou se eu queria ir ver essa peça, titubeei por alguns segundos. Depois da última, estava um pouco "esperta".rss
Enfim aceitei, afinal não ia pagar nada, além de conhecer o Marcos Breda que eu conhecia das novelas.
Dei uma lida na sinopse, porém, garanto que, ler o que está escrito na sinopse, ou mesmo esse texto (enorme) que coloquei acima, não exprime o conteúdo dessa peça.
A peça passa por fases. No início chato, tedioso, cansativo. Ficar ouvindo os dois (professor e aluna) falarem, falarem, falarem... E olha que quando a peça estava mais ou menos na metade, o Zé chegou a comentar que achava que devíamos dar um tempo de teatro.rss
Mas, logo após esse comentário e, com o desenrolar da história a confusão foi se formando e começamos a ficar entusiasmados. Para não dizer, enfurecidos, pasmos com o que estávamos vendo e ouvindo. E quase no final da peça, todos nós estávamos atônitos. A gente queria se manifestar, seja chingando, ou mesmo querendo subir no palco para dar uns chacoalhões nos personagens. Aqui e ali ouvia-se. Mata ela! Que louca! De onde ela tirou isso! etc.etc.
Acreditem, foi assim mesmo. Imaginem uma pessoa que não entendeu nada do que o professor tentou dizer. Ou fazer. Aliás, entendeu tudo errado.
O fim dessa história, eu fico tentadíssima a contar. Porém, essa é uma peça que se eu pudesse obrigaria todos a irem ver.
Quando tudo terminou a nossa vontade era de matar a aluna. Depois conforme os ânimos foram esfriando, passamos a rever também as atitudes do professor e concluímos que ele errou tanto quanto ela. 
Eu acho que... Ele errou ao chamá-la para conversar a sós na sala dele. Errou quando, querendo ajudá-la, disse que quebraria regras. Errou ao dizer que gostava dela. Ela já havia dito que não compreendia muitas coisas e tudo isso contribuiu para confundir ainda mais a cabeça dela.
E para concluir uma surpresa... Os atores - juntamente com o diretor - convidam o público para um debate. Tenho ido ao teatro sempre que possível e é a primeira vez que acontece isso. Aos poucos as pessoas foram se manifestando. Alguns parabenizaram os atores e o diretor, pela peça. Outros pela iniciativa em oferecer ao público a oportunidade de expressarem a sua opinião. Eu,  fiquei quietinha, só ouvindo. 
Sei que saímos de lá pensando, conversando sobre a peça. E confesso, achei que ia ser sacal e, para minha surpresa, uma das melhores peças que assisti.
Assistiria novamente, principalmente nas outras versões.

Fonte: http://maisexpressao.com.br/noticia/com-marcos-breda-e-luciana-favero-peca-oleanna-e-destaque-em-agosto-no-teatro-liceu-20405.html


Sobre a BR Produtora
Criada há quase 30 anos, a BR Produtora tem realizado inúmeras ações culturais em todo Brasil. À sua história somam-se mais de 1.200 eventos e espetáculos apresentados, entre eles o maior fenômeno do teatro brasileiro, a peça “Trair e Coçar é só Começar”.
A empresa tem em sua história turnês de renomados artistas brasileiros, entre eles Marisa Monte e o ícone Roberto Carlos, além de artistas internacionais, como Deep Purple, Roger Hodgson (Supertramp) e Julio Iglesias, e realiza diversos projetos culturais, entre elas, a produção de exposições internacionais como “O Fantástico Corpo Humano”.

Ficha Técnica
TEXTO DAVID MAMET
TRADUÇÃO MARCOS DAUD
DIREÇÃO GUSTAVO PASO
CENÁRIO GUSTAVO PASO E TECA FICHINSKI
FIGURINOS JO RESENDE
ILUMINAÇÃO PAULO CESAR MEDEIROS
TRILHA COMPOSTA ANDRE POYART
ASSISTENTE DE DIREÇÃO MONICA VILELA
ASSESSORIA DE IMPRENSA ALESSANDRA COSTA

Sobre o autor
David Mamet é considerado um dos mais famosos dramaturgos americanos contemporâneos. Atualmente trabalha na pré-produção BLACKBIRD, em que assina roteiro e direção e que tem estreia para 2015.

Sobre o diretor
Diretor, cenógrafo e dramaturgo, Gustavo Paso dedica-se a direção de espetáculos desde o começo dos anos 90 como encenador-dramaturgo. Hoje dirige o Teatro Glaucio Gill junto com a atriz e produtora Luciana Favero. Além de criador de projetos especiais, tanto de teatro como de eventos, cobre todas as áreas de produção, tais como Leis de Incentivo a Cultura e Esporte nas três esferas, municipal, estadual e federal.

Sobre Marcos Breda
Ator, professor universitário e produtor teatral, iniciou sua carreira em 1981. Breda soma em seu currículo 32 peças teatrais, 30 filmes e 36 novelas, e ainda dezenas de participações em programas de várias emissoras como Casos e Acasos, Faça a sua História, Dicas de um Sedutor, Sob Nova Direção, Você Decide, Retrato Falado, Casseta & Planeta, Os Trapalhões, Linha Direta etc. Coleciona ainda prêmios no cinema, teatro e televisão, entre eles: Melhor Profissional de Cinema Gaúcho, Prêmio Prawer/APTC no 28º Festival de Cinema de Gramado/2000 pelos filmes Sargento Garcia e Dois Filmes numa Noite.

Sobre Luciana Fávero

Atriz nascida na cidade de São Paulo, Luciana Favero chegou ao Rio de Janeiro em 1998 com o espetáculo “Péricles”, direção de Ulysses Cruz. Atualmente se divide entre o trabalho de atriz, produtora e a direção artística do Teatro Glaucio Gill. Dentre espetáculos que realizou como atriz: “Oração” de Fernando Arrabal “Cemitério dos automóveis” de Fernando Arrabal, “Dom Casmurro” de Machado de Assis, Valsa nº 06 de Nelson Rodrigues, dentre outros.


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