domingo, 10 de abril de 2011

Faça a diferença

Acabei de ler a mensagem que compartilho abaixo.  Fiquei consternada mas não surpresa, pois percebo essa atitude muito claro nas pessoas. Sempre digo à quem conheço que, um "Bom Dia" ou um "Sorriso" não custam nada e com certeza pode salvar uma vida!

   'Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível'

   Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da
   'invisibilidade pública'. Ele comprovou que, em geral, as pessoas
   enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado
   sob esse critério, vira mera sombra social.

   Plínio Delphino, Diário de São Paulo.

   O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou
   oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali,
   constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são 'seres
   invisíveis, sem nome'. Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu
   comprovar a existência da 'invisibilidade pública', ou seja, uma
   percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão
   social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa.
   Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o
   salário de
   R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição
   de sua vida:

   'Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode
   significar um sopro de vida, um sinal da própria existência', explica o
   pesquisador.

   O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não
   como um ser humano. 'Professores que me abraçavam nos corredores da USP
   passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes,
   esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me
   ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão',
   diz.
   No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma
   garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha
   caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra
   classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns
   se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo
   pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e
   serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava
   num
   grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei
   o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e
   claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as
   latinhas de
   refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga,
   tem
   barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada,
   parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse:
   'E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?' E eu bebi.
   Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a
   conversar
   comigo, a contar piada, brincar.

   O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?
   Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central. Aí
   eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo
   andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na
   biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico,
   passei
   em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse
   trajeto e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito
   ruim. O
   meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da
   cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui
   almoçar,
   não senti o gosto da comida e voltei para o trabalho atordoado.

   E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou?
   Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a
   situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se
   aproximando - professor meu - até parava de varrer, porque ele ia
   passar
   por mim, podia trocar uma ideia, mas o pessoal passava como se tivesse
   passando por um poste, uma árvore, um orelhão.

   E quando você volta para casa, para seu mundo real?
   Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está
   inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais. Acredito
   que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. Esses
   homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, frequento a casa
   deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um
   trabalhador.
   Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são
   tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo
   nome. São tratados como se fossem uma 'COISA'.

   *Ser IGNORADO é uma das piores sensações que existem na vida!

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