Esse livro estava na gaveta da minha mesa do trabalho. Não sei se comprei
em algum bazar ou se ganhei. Sei que está bem velho. As folhas soltando. Lembro
que levei para o trabalho para ler e depois doar. E comecei a ler na hora do
almoço, da terça-feira e terminei agora noite.
Esse romance da Agatha Christie eu tenho certeza de que nunca tinha lido.
O enredo é muito interessante e envolvente. Eu estava terminando de ler e me
lembrei que minha mãe brigava comigo, quando eu era jovem e ficava lendo. Porque
eu esquecia até de comer. rsrs Mas é que eu quero terminar logo para saber quem
é o assassino. E neste romance não foi diferente. Eu tinha um palpite, mas
conforme o detetive conversava com o personagem eu mudava o palpite. Na
verdade, eu acho que é difícil a gente (leitor) descobrir quem é o assassino.
Porque para chegar nele, tem que ser feito um trabalho muito minucioso. E pelo
menos eu, não tenho tempo para isso.
Como não quero reinventar a roda (uma boa desculpa para quem não anda com muito tempo e um pouco de preguiça para escrever), vou transcrever abaixo da foto uma resenha que vi na internet. Só estou encontrando tempo para ler. O que já está bom demais.
Cipreste Triste, de Agatha Christie: uma narrativa em quatro tempos
Por Jean Pierre Chauvin, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP
O romance Cipreste Triste (Sad Cypress) foi publicado no Reino Unido em
1940. O leitor familiarizado com a extensa obra policial de Agatha Christie
(1890-1976) provavelmente o reconhecerá como uma das tramas mais engenhosas da
escritora.
O enredo gira em torno de duas mortes: a de Laura Welman, que estava com
a saúde debilitada havia algum tempo, e a de Mary Gerrard, jovem agregada da
família que vinha sendo protegida e beneficiada financeiramente pela Sra.
Welman. Dentre as personagens principais, temos Elinor Carlisle (sobrinha de
Laura Welman) e Roderick Welman (sobrinho do falecido marido de Laura) – que
conviviam desde pequenos e pretendiam se casar –, além das enfermeiras O’Brien
e Hopkins, que se revezavam nos cuidados da Sra. Laura sob a supervisão do
médico Peter Lord.
Disposto em vinte e sete seções (o prólogo mais vinte e seis capítulos),
o enredo se divide em quatro tempos:
(1) o julgamento de Elinor, anunciado no “Prólogo” e retomado no capítulo
21;
(2) os eventos próximos da morte de Laura Welman, entre os capítulos 1 e
5;
(3) os diálogos entre as personagens diretamente envolvidas com a
falecida, nos capítulos 6 e 7;
(4) o ingresso de Hercule Poirot no enredo, quando passa a entrevistar as
personagens suspeitas, entre os capítulos 8 e 20.
A exemplo de numerosas histórias legadas por Dame Christie, lá estão os
retratos físicos e psicológicos, traçados ágil e objetivamente pela narradora;
a aproximação de personalidades contrastantes, como uma das fontes de tensão no
enredo; as questões de ordem pecuniária, capazes de estimular disputas pela
fortuna deixada por Laura Welman; e o método analítico de Poirot que, ao final
das entrevistas, percebe que todos os suspeitos haviam mentido para ele.
Por falar no caricato detetive, cumpre observar que sua atuação é mais
discreta, se comparada aos outros contos e romances em que se fez presente. Em
Cipreste Triste, ele só participa da trama a partir do oitavo capítulo, ou
seja, quando um terço da narrativa já havia transcorrido. Uma possível
explicação para isso poderia estar no modo como Agatha Christie organizou as
partes do enredo, dispensando a presença mais assídua do detetive belga. A
segunda razão pode estar relacionada com o fato de que a escritora passou a se
incomodar com a onipresença do detetive – um “egoísta completo”, como ela o
descreve em Uma Autobiografia, publicada em 1977 – um ano após a sua morte.
Assim como acontece em outros romances da autora, diversas passagens de
Cipreste Triste lembram cenas de uma peça teatral (outro gênero literário que
ela admirava e cultivou): a sucessão de diálogos enxutos, interrompidos com a
saída repentina de um dos atores; a condução de breves entrevistas pelo
detetive; o modo conciso como a narradora descreve os ambientes; a rápida
transição entre os capítulos, que evoca certos recursos utilizados pelos
cenógrafos no tablado etc.
Esses e outros artifícios asseguram que o leitor se veja envolvido na
reconstituição dos crimes, cioso por desvendar os motivos torpes que teriam
levado alguém a assassinar a frágil Sra. Laura Welman e a encantadora Mary
Gerrard. Como ensinou Ernest Mandel (1923-1995), as tramas detetivescas
resultam mais eficazes à proporção que alimentam, no leitor, o desejo de
resolver enigmas, reestabelecer a ordem social e fazer a justiça possível. Eis
o quadro maior em que se inscreve Cipreste Triste.
Se estiver com tempo, dê uma espiada AQUI também!

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