O seu tio Braz, toda vez que voltava à
sua terra natal, fazia questão de visitá-lo.
Aproveitava o tempo lhe ensinando
alguma coisa através de pequenas e lindas histórias.
Das histórias que contava, a que o
menino mais gostava era sobre a cobra e o vagalume.
E assim ele contava:
"Era uma vez uma cobra que começou
a perseguir um vagalume que só vivia para brilhar.
Ele fugia rápido com medo da feroz
predadora e a cobra nem pensava em desistir.
Fugiu um dia e ela não desistia, dois
dias e nada. No terceiro dia, já sem forças o vagalume parou e disse à cobra:
_ Posso fazer três perguntas?
_ Não costumo abrir esse precedente
para ninguém mas já que vou te comer mesmo, pode perguntar - disse a cobra.
_ Faço parte da sua cadeia alimentar?
_ Não.
_ Te fiz alguma coisa?
_ Não.
_ Então porque queres me comer?
_ Porque não suporto ver você brilhar."
"Pense nisso para selecionar as
pessoas em quem confiar" - dizia o seu tio Braz. E ainda recomendava que o
menino evitasse a divulgação, aos quatros cantos, dos seus atos, que eram,
afinal, frutos das suas virtudes.
O tempo passou, o menino cresceu, estudou
e saiu para o mundo do trabalho, um pouco longe da sua família.
Por ter tido uma boa formação -
fora criado em um ambiente educacional singular - acostumou-se a "fazer
certo as coisas certas".
Ao evoluir profissionalmente começou a
sentir na pele a lição do tio Braz.
As cobras não paravam de persegui-lo. E
começou a ficar assustado.
Um certo dia resolver atender aos
pedidos do tio: escondeu o brilho das suas atitudes e as cobras se perderam.
Hoje, passa pelos mesmos lugares e
reconhece todas as cobras - velhas e novas - perseguindo outros sinais
luminosos.
Aulus Di Toam
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