terça-feira, 16 de maio de 2023

Por que brilhar?

O seu tio Braz, toda vez que voltava à sua terra natal, fazia questão de visitá-lo.

Aproveitava o tempo lhe ensinando alguma coisa através de pequenas e lindas histórias.

Das histórias que contava, a que o menino mais gostava era sobre a cobra e o vagalume.

E assim ele contava:

"Era uma vez uma cobra que começou a perseguir um vagalume que só vivia para brilhar.

Ele fugia rápido com medo da feroz predadora e a cobra nem pensava em desistir.

Fugiu um dia e ela não desistia, dois dias e nada. No terceiro dia, já sem forças o vagalume parou e disse à cobra:

_ Posso fazer três perguntas?

_ Não costumo abrir esse precedente para ninguém mas já que vou te comer mesmo, pode perguntar - disse a cobra.

_ Faço parte da sua cadeia alimentar?

_ Não.

_ Te fiz alguma coisa?

_ Não.

_ Então porque queres me comer?

_ Porque não suporto ver você brilhar."

"Pense nisso para selecionar as pessoas em quem confiar" - dizia o seu tio Braz. E ainda recomendava que o menino evitasse a divulgação, aos quatros cantos, dos seus atos, que eram, afinal, frutos das suas virtudes.

O tempo passou, o menino cresceu, estudou e saiu para o mundo do trabalho, um pouco longe da sua família.

 Por ter tido uma boa formação - fora criado em um ambiente educacional singular - acostumou-se a "fazer certo as coisas certas".

Ao evoluir profissionalmente começou a sentir na pele a lição do tio Braz.

As cobras não paravam de persegui-lo. E começou a ficar assustado.

Um certo dia resolver atender aos pedidos do tio: escondeu o brilho das suas atitudes e as cobras se perderam.

Hoje, passa pelos mesmos lugares e reconhece todas as cobras - velhas e novas - perseguindo outros sinais luminosos.

Aulus Di Toam 

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