O filho aproxima-se do pai, já cheio de raiva no
coração porque seu melhor amiguinho havia cometido uma injustiça.
_ Deixe-me contar-lhe uma história – diz o velho pai.
“Muitas vezes senti grande ódio daqueles que
aprontaram, principalmente quando percebia a maldade ou quando eles não se
arrependiam.
Todavia, com o tempo aprendi que o ódio me corroía,
mas não feria o meu inimigo.
É como tomar veneno ao desejar que o inimigo morra.
Passei a lutar contra esses sentimentos”.
E o experiente homem continuou...
“Tenho a sensação de que existem dois lobos dentro de
mim.
Um dos lobos é bom, só quer o bem, e não magoa
ninguém.
Esse lobo vive em harmonia com o universo ao seu
redor, e não se ofende, é paciente e só transmite paz – a felicidade da alma.
Esse lobo só luta quando é certo lutar, e quando
luta, o faz da maneira correta.
Mas, ah, o outro lobo é cheio de raiva.
Mesmo pequeninas coisas provocam sua ira.
Ele briga com todos, o tempo todo, em qualquer lugar,
sem qualquer motivo.
Ele não consegue nem pensar, porque sua raiva e seu
ódio são tão grandes que ocupam toda sua energia mental.
É uma raiva inútil, porque essa raiva não mudará o
mundo.
Às vezes, é difícil conviver com os dois lobos dentro
de mim, porque ambos tentam dominar meu espírito”.
O garoto – atento – olhou intensamente nos olhos do
pai e carinhosamente perguntou:
_Qual deles vence, pai?
O velho pai sorriu e respondeu baixinho:
_Aquele que eu alimento com mais frequência.
Adaptação de Aulus Di Toam
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