Ontem à noite, depois da sua partida definitiva, fui
para aquela sala do rés-do-chão que dá para o parque, fui para ali onde fico
sempre no mês de junho, esse mês que inaugura o Inverno.
Tinha varrido a casa, tinha limpo tudo como se fosse
antes do meu funeral.
Estava tudo depurado de vida, isento, vazio de
sinais, e depois disse para comigo:
Vou começar a escrever para me curar da mentira de um
amor que acaba.
Tinha lavado as minhas coisas, quatro coisas, estava
tudo limpo, o meu corpo, o meu cabelo, a minha roupa, e também aquilo que
encerrava o todo, o corpo e a roupa, estes quartos, esta casa, este parque.
E depois comecei a escrever...
P.S. Hoje é o aniversário dessa grande romancista, novelista, roteirista, poetisa, diretora de cinema e dramaturga francesa.
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