segunda-feira, 15 de março de 2021

Teatro de Bonecos

No sábado à tarde, quando estávamos passeando de carroça, o condutor passou na frente do teatro. O Zé desceu e foi ver se estava tendo peça. Demos sorte, pois disseram que naquela noite teria peça de estreia – retorno após meses fechado por causa da pandemia.

Zé comprou os ingressos. R$ 55,00 cada um. Assentos C1 e C3. O título da peça “Amor Boneco”. O horário: 21h.



Chegamos uns minutos antes. Quando deu o horário, tocou uma campainha. Entramos e nos acomodamos. No total doze pessoas.

As luzes se apagaram. Em um canto, uma mesinha com algumas placas. Um dos atores foi até a mesa, pegou uma placa, virou e mostrou para a plateia. Estava escrito: Fogo. Era o tema da estória que seria contada. As placas seguintes foram: AVUA, mansamente, Rodin Rodin , intimidade e uma que não lembro o que estava escrito (Zé também não lembra).

Vamos combinar uma coisa. Quando se ouve falar em “bonecos” e “estórias contadas” o que vem à mente? Na minha: inocência e saudosismo.

Pois bem. Na primeira estória “fogo” uma menina (boneca) está sentada no chão, e acende uma fogueirinha. Um menino (boneco) se aproxima e tenta chamar a atenção dela, jogando pedrinhas perto de onde ela estava. Ele se aproxima e fica paquerando ela. Dá uns beijinho.

Em AVUA, dois atores ficam dançando ao som de uma música, cada um com uma borboleta (de papel) na mão. Simulando elas voando e pousando nas plantas.

Até aí tudo bem. Então chegou o “mansamente”. Nessa estória, os bonecos, uma índia (digo isso porque ela estava nua) estava sentada, encostada em uma pedra (ou era árvore? Não lembro) e chegou um índio. Ele começou a acariciar ela. Passou a mão aqui. Ali. E naquilo. Eu não estava acreditando no que estava vendo. E, por fim... Ele ficaram “fazendo amor”. Terminou e eu não consegui aplaudir. Não curti.

Depois teve a dança Rodin Rodin. Um homem e uma mulher, ela de maiô cor da pele. E ele uma sunga cor da pele. A dança um pouco erótica e acrobática. Até que foi de boa.

Mas, quando o ator levantou a placa “intimidade” fiquei preocupada. Em um canto do palco, um homem (boneco) está sentando, pintando uma miniatura de barco. Do lado dele uma mulher (boneca) passando creme na perna. Ou raspando a perna. Sei lá. Sei que ela ficava mexendo nas pernas. E olhando para o homem. No fundo, um casal fazendo gestos parecidos com o que os bonecos estavam fazendo. Então a mulher pega uma sombrinha e sai de cena. Nisso chega uma boneca com sombrinha (que seria a mulher) e se junta ao casal de bonecos. E começa a beijar ele. Beijar ela. Entenderam o que estava acontecendo?

Eu fiquei inconformada. Desiludida. Mais uma vez não aplaudi.

A última estória era um casal de velhinhos. Até que foi bonitinho. Mas aí eu já nem prestava atenção. Tanto que nem lembro o nome da placa (o título da estória deles), muito menos o enredo.

Sei que saímos do teatro decepcionados. Acho que se a gente tivesse visto o "tema" da peça, que estava escrito nos ingressos, talvez teríamos ideia. Mas vi só depois. Bem depois.

Será que com essas estórias eles atraem mais público? Pode até ser. Eu não gostei. Achei apelativo.

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