Recebi a mensagem abaixo da minha amiga Vera Branco. Gostei demais!
Amigos!
Eu aprendi muitas coisas.
Mesmo. A coisa mais maravilhosa que a vida fez comigo foi me lapidar, me
ensinar.
Então compartilho uma lição
que é primordial pra mim: - FALE SOBRE SUA DOR.
Fale sobre aquilo que te
dói, que te feriu, que te sujou, que corrompeu a sua autoimagem. Fale.
Algumas pessoas vão te
dizer pra você superar, esquecer, seguir em frente, pensar positivo... Mas
mesmo que você tente isso tudo o seu corpo vai viver essa experiência negativa
de um jeito que nenhuma lição de autoengano vai poder curar.
Fale sobre sua dor. Quem te
ama TEM OBRIGAÇÃO DE TE OUVIR e se ela não ouve é porque, ou está em uma
negação severa que também precisa de cuidado, ou simplesmente é porque não te
ama tanto.
A sua dor é uma
característica sua. Assim como sua alegria, sua sensibilidade, sua tristeza,
seu jeito de reagir diante das situações. Ela é um monstro de vários braços e
dentes e olhos que vai te comendo por dentro, mas que vai perdendo a força
quando você consegue externar, compartilhar, olhar de fora...
Nesse "ESQUECE ISSO,
BOLA PRA FRENTE" estão contidos o
"engole o choro", o "seja forte", o "seja homem. Homem
não chora", o "Todo mundo tem suas dores e a sua não é maior do que
ninguém"... São várias sentenças tóxicas que tem como finalidade reduzir a
importação da sua experiência individual.
Não há pensamento positivo
que cure uma amputação. O que cura a perda de um membro é a ajuda de um
profissional que te cuide, te ensine, te prepare, te medique e te fale sobre a
realidade da sua nova vida. O que vai amenizar as perdas e traumas de uma
amputação física é o seu amigo, seu amado, seu parente se curando junto com
você, te vendo transformado e renascendo e apreendendo a te amparar nos pontos
certos. Só a sua coragem de expor onde dói vai ensinar quem te ama a te tratar
da melhor forma.
Com as dores da alma
acontece a mesma coisa. E os cacos da alma quebrada se espalham por lugares
misteriosos que às vezes só outra pessoa ou outro lugar podem te ajudar a achar
ou substituir.
E falar do sofrimento não é
se apegar a ele. É o contrário. É abrir a porta pra que ele saia sob o sol do
autoconhecimento. Não é feio ser uma
vítima. Não é vitimismo ser uma vítima.
Compartilhar sua história é uma coragem. Compartilhar é diferente de
capitalizar uma dor e se tornar satélite dela. Assim como você avisa que não
pode comer lactose, você tem o direito de avisar que tem limites em relação a
certos comportamentos e assim como a good vibe não vai produzir lactase no seu
organismo, também não vai te blindar contra as dores do seu transtorno pós-traumático.
Não é pra transformar sua dor em seu único assunto eterno. Nem uma felicidade específica
da pra ser seu único assunto. Mas se
está em você e deu vontade de falar? FALE.
Eu entendo a boa intenção
por trás dos votos de pense positivo.
Somos uma civilização que valoriza os heróis, os blindados, os semideuses.
Somos uma geração ensinada a dizer que Deus dá o frio conforme o cobertor e que
chama de fraco aquele morreu ao sucumbir ao inverno da alma. Mas, por favor,
peço de coração, não coloque um tapete bonito em cima do seu sofrimento. Ele
vai comer o chão.
Você que olhe pra uma ferida e ache que a positividade vai colar os beiços do seu corte. A berne vem rapidinho, meu bem.
Beijos de beijos
Autor: ANDRE GABBEH
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