quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Vidas Secas

De uns tempos para cá ando comprando livros por causa da capa. Achei bonita, estou comprando. E se for capa dura então. Mas ainda me resta um pouco de juízo, porque não saio comprando qualquer livro. Preciso ao menos conhecer o "título" ou o "escritor". Se for os dois juntos, melhor ainda. Como é o caso de "Vidas Secas" de "Graciliano Ramos". 

Era noite do dia 09 de outubro. Eu estava dando uma olhada no aplicativo da Amazon e vi ele à venda. Coisa mais linda. E com um preço muito bom - R$ 27,45. E ainda dizia que vinha com "suplemento de leitura". Não sei o que é, mas deve ser bom, pensei.rsrs Então não pensei duas vezes. Comprei dois. Um para mim, e um para a Silvana (antes de comprar consultei-a para saber se tinha esse título). Os livros chegaram quatro dias depois. Entreguei o dela. Ela já leu. E eu comecei a ler o meu na sexta-feira da semana passada, na hora do almoço.

Arrisco dizer que não li Vidas Secas como matéria da escola. Eu lembraria de alguma coisa. No mínimo da cadela, Baleia. Porque o Zé lembrou dela. A Silvana lembrou dela. Eu sei que eu não gostava de ler os livros de literatura que a professora "mandava" ler. Pra começar, eu não gosto muito que mandem em mim. Então já criava uma barreira. Lembro de ter lido alguns. "Capitães da Areia" foi um deles. Lembro pelo título, porque não lembro do enredo.rsrs

Voltando ao Vidas Secas, terminei de ler ontem à noite. Achei uma história bem triste. Uma família condenada a viver na miséria por vários motivos. No fim fiquei pensando e indagando: Será que ainda existe gente que vive nessas condições? Quando a Silvana terminou de ler ela falou: minha vontade é de abraçar cada um deles. Isso mesmo! Da vontade de abraçar, acolher e suprir as necessidades deles. 

“Vidas Secas” (1938) é um retrato comovente da vida de uma família de retirantes nordestinos durante uma severa seca. O livro aborda temas como pobreza, desigualdade social, sobrevivência, visão do mundo diante das adversidades e perspectivas de ascensão social.

O suplemento é tudo que está abaixo:

Vidas Secas - Um clássico imprescindível.

Enxuto, duro e silencioso, "Vidas Secas" é um daqueles livros que mudam o leitor. Ninguém passa impune por ele. A aspereza do terreno, das pessoas e de suas vidas conduz a uma profunda reflexão sobre o povo, a condição humana e suas vidas (secas).

O título do livro transmite uma ideia de secura além da seca. Ou seja, ao se viver aquela situação de escassez da família de Fabiano, a seca passa a incorporar não só o ambiente externo, mas também a família que ali vive. O trato entre os familiares é seco. A terra é seca. Os sonhos são secos. As pessoas, idem. Para além da terra, as vidas (nos mais variados sentidos) são secas.

Pertencente à segunda geração modernista, a obra é dividida em treze capítulos desmontáveis, sendo classificada como uma novela, de narrativa curta e com poucos personagens.

O espaço é o sertão nordestino (Alagoas), e o tempo, o início do século XX.

Um narrador onisciente dá voz às angústias e sonhos dos personagens, que, muitas vezes, por sua frágil condição e mínima instrução, não conseguem externalizar as próprias vontades/emoções.

A fragilidade desses personagens é amplamente explorada por Graciliano Ramos, que se utiliza de rara técnica e diversos recursos para, a todo momento, reafirmar tal estado.

Os filhos de Fabiano e sinhá Vitória não têm nome, são apenas o "menino mais novo" e o "menino mais velho", o que lhes empresta um caráter de pouco personalismo, de uma humanização menor, talvez inexistente.

A cadela Baleia, por sua vez, tem nome e sonha! Sonha com preás, com carícias e fartura. A inversão proposital confere ao homem aspectos animalescos, e vice-versa. Ao fazê-lo, Graciliano Ramos reforça a imagem de dificuldade e de precarização da vida que pretende transmitir com sua obra, tornando mais tangíveis o sofrimento e a desesperança daquela família de retirantes, e de tanas outras famílias em situação similar.

Fabiano, com seu vocabulário reduzido, comunica-se como pode e constantemente é vítima da própria ignorância: enganado pelo patrão, reprimido pelo policial, advertido pelo fiscal.

Sua fala simples muitas vezes nem é fala, mas um grunhido, uma onomatopeia, um resmungo de quem não tem forças nem mesmo para reclamar.

Subjugados pelo sol, pela cidade e por homens mais poderosos e instruídos, a família se vê, dia após dia, fadada ao ciclo das estações.

Se a seca os fere e míngua, a cidade os repele, com sua estrutura, preconceitos e tentáculos. Ali residem muitos dos pequeninos sonhos da família: a cama de couro, a mínima estrutura para se viver, mas tampouco eles são benquistos quando vão a terras urbanas, e novamente se veem acuados.

Toda a estrutura de "Vidas Secas" foi pensada para retratar as angústias e dificuldades dos cinco integrantes da família, sofrimento extensivo a milhões de outros retirantes, e este é um dos pontos geniais da obra. De tão visual e tangível, venceu o tempo e ganhou os palcos e as telas.

Em "Curiosidades" explica que o título do livro era para ser "O Mundo Coberto de Penas".

E na sequência o livro destaca: Adaptações - Sala de Aula e Curiosidades.

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