13 de abril, domingo de Ramos:
Silvana disse que minha mãe acordou de manhã, como
sempre. Fez o café. Tomou e voltou a deitar. Quando o Nego foi chamar a minha
mãe, estranhou que ela não respondia. Como se estivesse em um sono profundo. A
Silvana tentou acordá-la e quando viu que ela não respondia, chamou os irmãos.
E o SAMU. Como sempre, a única que atendeu foi a Adriana. Eu, Shirlei, Marcos,
Sandro estávamos cada um na sua igreja. Sérgio no Japão. Zé foi me pegar no
final da missa, já pedindo para eu olhar meu celular. E fomos para o hospital da Unicamp. Adriana tinha ido para a casa da minha mãe para ficar com o Nego.
Encontrei com a Silvana que estava na sala de espera da UER (Unidade de
Emergência Referenciada). Ela falou que a médica já tinha ido duas vezes
conversar com ela. Estava tentando entender o que estava acontecendo com a
minha mãe. Chegou até a perguntar para a Silvana, se a minha mãe poderia ter
tomado “muitos remédios” de uma só vez. A Silvana falou que não. E comentou se
não poderia ser AVC. Então a médica falou que iam fazer uma tomografia. A
Silvana disse que dentro da ambulância, a caminho do hospital passou o
relatório dos últimos dias, das últimas idas da minha mãe ao médico. Dos
sintomas. E dos medicamentos.
Fiquei com ela e um tempo depois chegou a Shirlei e o Marquinhos. Zé e
Marquinhos saíram para comprar salgadinhos, e algo pra gente beber.
Continuamos esperando. Cada vez que a porta abria a gente achava que podia ser a médica. Uns minutos antes das 16h, saímos e nos
encaminhamos para o 3º andar do Hospital das Clínicas. A Silvana ia entrar para procurar a médica e ver se conseguia ver a minha mãe. Às 16h começam as
visitas, por isso deixam entrar.
A Silvana entrou. Ela viu minha mãe que estava na “enfermaria da emergência”.
Disse que minha mãe estava agitada. Silvana estava tão nervosa que saiu e pediu
para o Zé ir buscar as meias da minha mãe que estava na sacola. Uma sacola que
ela deu para colocarmos no carro, quando chegamos. Zé foi, procurou, revirou o
saco e não encontrou. Silvana voltou para a enfermaria. Continuamos esperando. Mais
tarde, quando ela saiu, falou que a meia estava no pé da minha mãe. Ela estava
tão nervosa que sentiu que os pés da minha mãe estavam gelados, mas não viu a
meia.
Fomos para a casa da minha mãe. Nos reunimos (os sete irmãos) e a Silvana falou o resultado da tomografia. Quem conversou com ela foi a médica e um médico, Dr.Rafael. A tomografia acusou que minha mãe teve um AVC severo. Que pela imagem não foi recente. E que provavelmente atingiu uma parte do cérebro que mantém a pessoa acordada. Mas eles iriam fazer outra tomografia em 24 horas para ter mais clareza e certeza no diagnóstico. Ficamos arrasados! Além da grande preocupação por saber que a minha mãe estava sozinha, em um lugar abarrotado de gente. Apesar de não ver, ela pode ouvir as conversas e barulhos. Ela sente frio. Ela tem a pele sensível. Sente câimbras. E ela tem muito medo de morrer! E nessas horas deve ser desesperador se sentir sozinha.
Ficamos de mãos atadas. A única opção era esperar até às 16h do dia
seguinte. A Silvana disse que o Dr.Rafael avisou que não
ligariam do hospital (para NADA!) e que não deixariam entrar antes desse
horário.
A Silvana ficou incumbida de avisar a tia Janete – que transmitiria a
notícia para os outros tios. E para a família, pois todos (netos e bisnetos)
aguardavam notícias ansiosamente.
Cada um de nós foi para casa com o coração partido. Lágrimas nos olhos. E muito medo do que
viria pela frente.
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