A história de como eu conheci este livro é
interessante...
Eu estava assistindo o programa Direção Espiritual
com o Padre Fábio de Melo, e na segunda parte do programa ele falou - e mostrou
- o livro. Elogiou muito o livro e a autora. O programa
terminou e me toquei que eu não anotei (nem guardei na memória) nem o título,
nem o nome da autora. Não me perdoei por isso. Mas eis que, no dia seguinte, a
minha irmã Shirlei mandou o catálogo do Avon em PDF para eu ver. E não é que o
livro estava lá! Foi muita coincidência. E assim o comprei.
O livro que tem 127 páginas é muito bom mesmo. Li
rapidinho. Terminei ontem.
A autora começa se apresentando. Ela é médica e a
especialidade é: cuidar de pessoas que morrem. Ela conta sua trajetória até se
especializar em Cuidados Paliativos.
Ela diz muitas coisas que vão de encontro com o que
penso. Inclusive ela também é bem dura e firme com as palavras. Eu grifei
alguns trechos do livro:
“Parece que cai bem socialmente dizer que você não
teve tempo de almoçar, não teve tempo de dormir, não teve tempo de mexer o
corpo, de rir, de chorar - não teve tempo de viver. A dedicação ao trabalho
parece estar ligada a um reconhecimento social, a uma forma torta de se sentir
importante e valorizado; tudo à sua volta tem a obrigação de entender que o
mundo só pode girar se você estiver empurrando.” Pag.19
“O ato de cuidar de alguém que está morrendo sem a
responsabilidade do autocuidado é, a meu ver, uma expressão clara e absoluta de
hipocrisia. Total hipocrisia. Quem cuida do outro e não cuida de si acaba cheio
de lixo. Lixo de maus cuidados físicos, emocionais e espirituais. E lixos não
servem para cuidar bem de ninguém. Simples assim. Muitas vezes ouço relatos
como este: "Eu cuido da minha mãe, eu cuido do meu pai, eu cuido da minha
irmã, eu cuido do meu marido, eu cuido dos meus filhos. Não tenho tempo para me
cuidar." E aí eu digo: "Não conte isso para ninguém, então! É um
vexame”.” Pag.36
“Gastamos tempo com bobagens, com sofrimentos
desnecessários. A maioria de nós chega a ser perdulária com o tempo de vida. E
não há como se apegar a ele. Nós nos apegamos a tudo: às pessoas, às roupas, ao
dinheiro, ao carro. Bens materiais que compramos e levamos para casa. Mas não é
possível segurar o tempo. Em relação a ele, a única coisa de que podemos nos
apropriar é a experiência que ele nos permite construir sem parar.” Pag.43
“O que separa o nascimento da morte é o tempo. A
vida é o que fazemos dentro desse tempo; é a nossa experiência. Quando passamos
a vida esperando pelo fim do dia, pelo fim da semana, pelas férias, pelo fim do
ano, pela aposentadoria, estamos torcendo para que o dia da nossa morte de
aproxime mais rápido.” Pag.47
“O problema é que caminhamos ao lado de pessoas que
pensam que são eternas. Por causa dessa ilusão, levam a vida de modo
irresponsável, sem compromisso com o bom, o belo e o verdadeiro, distanciadas
da própria essência. Pessoas que não gostam de falar ou pensar sobre a morte
são como crianças brincando de esconde-esconde numa sala sem móveis: elas tapam
os olhos com as mãos e acham que ninguém as vê. Pensam de um jeito ingênuo: "Se
eu não olho para a morte, ela não me vê. Se eu não penso na morte, ela não
existe”." Pag.50
“O que causa verdadeiro arrependimento é precisar
de máscaras para sobreviver no ambiente profissional. Quando existe uma
diferença entre quem somos na vida pessoal e quem somos no trabalho, então
estamos em apuros.” Pag.91
“Quando aceitamos que nosso trabalho se distancie
da nossa essência, temos a sensação de tempo desperdiçado, principalmente se
preferimos nossa essência ao nosso trabalho.” Pag.92
“Fazer o bem para ser feliz na vida é diferente de
fazer o bem para se dar bem no trabalho. Se escolhemos o autocuidado não pelo
prazer de receber uma massagem, mas para não ter dor nas costas e, assim, poder
trabalhar melhor no dia seguinte, então talvez haja algo errado com nossos
motivos.” Pag.93
“Para apagar um fogo na floresta é preciso água;
fogo de eletricidade pede espuma e fogo de palavras exige silêncio.” Pag.98
Lógico que essas palavras podem não dizer nada fora do contexto. Mas dá para ter uma ideia da riqueza que é este livro. Vale muito a pena ler. Vale muito a pena ter para reler, uma vez que a morte vai chegar... Para mim, e para entes queridos. E é bom estar preparada para isso.
Adorei sua resenha, vou ler, comprei hj, ainda não chegou!!
ResponderExcluirOlá! Bom te ver por aqui.rsrs
ExcluirAgradeço seu comentário.
Você vai amar o livro. Eu gostei tanto, que na época comprei uns três e dei de presente.