Existia um casal que morava numa região
distante, prá lá do alto do monte.
Esse casal tinha um único filho,
chamado Picuinha, que não se relacionava bem com o seu pai.
Sempre que tinha uma oportunidade
reclamava para sua mãe:
_ Esse homem só quer que eu estude e
trabalhe, deste jeito não dá para conviver com vocês.
Picuinha se tornou mais velho e, um
dia, brigou tanto, mas tanto com seu pai, que resolveu sair de casa.
A mãe insistiu:
_ Meu filho, não vá embora. O seu pai
só quer o melhor para você. Um dia você verá que isto é passageiro, e que de
todos os seus amigos, somente um é verdadeiro: seu pai.
Picuinha virou-se para a mãe e
disse:
_ Vocês não me amam, vou embora daqui.
Picuinha foi para a cidade grande e
devido ao trabalho com seu pai pode arrumar um emprego, desenvolveu uma
profissão e assim poderia se sustentar.
Anos e anos se passaram e Picuinha se
apaixonou por uma linda moça. Casaram-se e anos depois tiveram o primeiro
filho. Num determinado dia sua esposa lhe disse que queria apresentar o filho
aos seus pais.
Picuinha pensou um pouco e disse:
_ Não, meus pais não! Eles não me amam,
eles não vão querer conhecer o nosso filho. E além do mais, muitos anos se passaram
e eles já devem ter morrido. Alguns anos depois tiveram um outro filho.
O tempo passou e quando as crianças
estavam brincando, o mais velho lhe fez uma pergunta que tocou o seu coração:
_ Papai, nós só conhecemos os nossos
avós maternos. Você não teve papai nem mamãe como nós? Naquele instante
Picuinha resolveu rever seus pais e tentar uma reaproximação.
E pôs-se a escrever uma carta aos pais,
que dizia:
_ Oi. Aqui é o Picuinha, eu me casei e
tive dois filhos. Eles querem conhecer vocês. Não sei se depois desses longos
anos você já me perdoaram. Não sei se vão querer me ver, mas irei visitá-los
com minha família. Se me perdoaram, coloque um pano branco onde eu possa ver,
porque estarei indo de trem que passa bem em frente à casa de vocês e assim eu saberei
se posso voltar ou não.
Para fazer uma bela surpresa para os
seus pais acabou comprando muitos presentes para eles, e finalmente pegaram o
trem. Durante o trajeto demostrava-se muito impaciente:
_ Será que eles receberam a carta. Será
que me perdoarão. Será que estão vivos. Não parava de andar de um lado para o
outro no trem. Quando chegou numa estação anterior ao destino, Picuinha não
conseguia mais se conter. Suava frio e mal podia falar. O trem saiu e Picuinha
grudado na janela como uma criança. Não via a hora de chegar a sua antiga casa. O trem entrou em uma curva e Picuinha sabia que depois daquela curva conseguiria
ver a casa de seus pais. Após essa curva conseguiremos ver a casa do vovô e da
vovó, disse Picuinha
Ao terminar a curva, Picuinha e sua
família puderam ver a casa. Ela estava cheia de lençóis brancos, nas cercas,
nas janelas, na antena, no telhado e o mais comovente: um casal de velhinhos,
de cabelos brancos, vestidos de branco, acenando com lenços também brancos,
para o trem... Em sinal de perdão ao filho.
Adaptação de Aulus Di Toam
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá. Ficarei muito feliz com seu comentário. Só peço que coloque seu nome para que eu possa responder, caso necessário. Obrigada!