Segredo nº 04 |
Nunca pare de aprender e de se adaptar. O mundo está
sempre mudando. Se você se limitar àquilo que sabia e com que você se sentia à
vontade em outra época da vida, irá se isolando à medida que envelhecer e
sentindo cada vez maior frustração com as circunstâncias à sua volta.
Era um casal na faixa dos oitenta anos. Eu tinha uma relação de amizade com a família e por isso convivi muito com eles. Na grande mesa de refeição que reunia filhos e netos aos domingos, o contraste entre os dois era flagrante. Ela, atenta ao que se dizia, curiosa em ouvir histórias e opiniões, em entender o que se passava no mundo, às vezes escandalizada com a linguagem dos jovens, mas colocando seus limites sem censurar. Ele, desinteressado, emburrado mesmo, porque ninguém prestava atenção a suas histórias, contadas e recontadas centenas de vezes. Eu soube que ela mantinha um diário e que, tendo dificuldade para escrever à mão, fizeram um curso de computador e digitava diariamente suas experiências e o que se passava na família. Estava descobrindo a internet e se maravilhava viajando na tela. Os netos vinham visitá-la durante a semana e, com gosto, contavam suas histórias. Ele era ouvido com tédio e condescendência, pois estava fechado para escutar, para aprender, para descobrir, apegado a um passado que lhe dera segurança. Começava a morrer em vida.
Mas não é preciso estar na faixa dos 80 para que isso
aconteça. Há pessoas razoavelmente jovens aferradas a seus hábitos, ideias, valores, "donas da verdade", surdas às ideias e argumentações que possam contestar
seus dogmas, centradas em si mesmas e despidas de qualquer curiosidade em
relação à novidade com que o mundo constantemente nos presenteia. Estão
preparando um envelhecimento precoce e condenando-se a uma melancólica solidão.
Em pesquisas realizadas com americanos idosos a
satisfação estava mais relacionada à capacidade de adaptar-se do que às suas
finanças ou à qualidade de seus relacionamentos. Se estivessem dispostos e
abertos para mudar alguns de seus hábitos e expectativas, sua felicidade se
manteria mesmo que as circunstâncias mudassem. Aqueles que eram resistentes às
mudanças e que se fechavam para o novo tinham chances inferiores a um terço de se
sentirem felizes.
Clark, Carlson, Zemke, Gelya, Patterson e Ennevor,
1996
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