segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

E no meio do (meu) caminho tem uma goiabeira.


Que cheiro bom. É cheiro de goiaba.
Todo dia tem um tantão delas caídas no chão, estão esmagadas. Ou pela queda. Ou pelos pneus dos carros.  E são goiabas vermelhas.
Inacreditável que elas cheguem a cair. Vejo as ali, exalando aquele cheirinho bom e me pergunto: _Será que os moradores de rua não gostam de goiaba?... Porque se gostassem elas nem chegariam a cair do pé. Eles as colheriam. Não é verdade?
E o pé está ali, na calçada, onde ninguém é dono. Pelo menos é o que parece. Se eu gostasse de goiaba talvez arriscasse esticar a mão e colher uma do pé.
É, mas eu não gosto de goiaba. Não mais. Comi muito quando era pequena. Está certo que não eram vermelhas. Subia no pé e ficava ali comendo. Minha mãe dizia: _Desce desse pé e pára de comer menina. Vai ficar entupida de tanto comer. Devo ter ficado.rss
Hoje, mais uma vez a cena se repetiu. Senti o cheiro das goiabas. Vi-as ali no chão. O que mudou no cenário foi que quis olhar para o pé de goiaba. Pensei que não devia ter mais frutos, de tanto que caem. E para minha surpresa, o pé está abarrotado delas.
E a goiabeira está ali... No meio do caminho. No meio do vai e vem das pessoas. Algumas precisam até mesmo desviar dela. Não é possível que não percebam aquele pé de goiaba, vermelha, bonita e cheirosa.  De duas, uma. Ou ninguém gosta de goiaba. Ou as pessoas ficam com receio – talvez vergonha de colher uma do pé. Não deveria. Acho que ela está só esperando isso.
Ah, se a goiabeira pudesse falar. _Acho que diria. _Ei, vocês! Olhem para mim. Estou aqui, cheia de frutos. Podem pegar. 
É, mas ela não fala. Então não resta outra opção para as pobres goiabas senão a de se atirarem ao chão. Triste fim.

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