Ontem minha mãe foi transferida para o hospital Irmãos Penteado. Nós
vibramos. Ficamos muito, mas muito felizes. A Silvana que estava com ela na
UPA. A noite o Marcos ficou de acompanhante. E eu, hoje durante o dia.
Eu gostei bastante do hospital. Pelo menos se comparado a UPA é mil vezes
melhor. E lembro que a minha mãe falava bem desse hospital. Disse que gostava
dele. Não que alguém goste de hospital. Mas ela falava dele e do Beneficência.
Então foi muito reconfortante saber que ela estava ali. E foi uma das primeiras
coisas que falei ao ouvido dela, logo que cheguei. Onde ela estava. Como era o
quarto. Quando foram trocar a companheira de quarto da minha mãe, e pediram para eu sair, eu conheci um lugar, que fica atrás da janela, bem gostosinho.
Minha mãe está tranquila, apesar de terem parado de dar morfina para ela.
A gente estava com medo de ela sentir muitas dores. Mas, pelo que percebi, ela
está sem reação nenhuma. Ou não sei se ainda é o efeito da morfina que ela
recebeu esses dias. Corpo inteiro largado. Cabeça também. A boca e língua
caída. Ou ela teve mais AVCs, o que os médicos avisaram que ia acontecer.
Enfim, ela passou o dia dormindo. Respiração um pouco ofegante, mesmo com
o oxigênio. Eu passei o dia alisando a testa dela, conversando.
Agradecendo. Pedindo perdão. Rezei alguns terços, em pé ao lado dela. E no
intervalo entre os terços, ou quando fui almoçar, eu colocava o fone de ouvido
com a playlist do "André Rieu" para ela ouvir. Ou seja, o ouvido
da minha mãe não tem paz, quando eu fico com ela. Ou é rezando. Ou é me
ouvindo. Ou é ouvindo música. Se ela ouve alguma dessas coisas, eu não sei. Mas
eu fiz!
Quanto ao hospital não passam a todo momento aferindo pressão, vendo se
tem febre e outras medições como era na Unicamp, onde cheguei a passar "o
dia" com minha mãe. Não sei se é por ser sábado, ou se é por ter faltado
alguns funcionários (que foi o que ouvi da mulher que foi entregar as
refeições). Sei que as enfermeiras foram algumas vezes para colocar dieta,
soro, água e antibiótico.
Para não falar que o dia foi totalmente tranquilo, levei um susto quando
o enfermeiro foi trocar minha mãe. Isso foi na parte da manhã. Ele perguntou se
eu podia ajudá-lo. Coloquei as luvas e minha função era somente segurar minha
mãe (uma mão no ombro e uma no quadril). Mas minha mãe começou a sufocar com um
monte de catarro. Fiquei apavorada. A cama estava abaixada (reta) então quis
levantar a cabeça dela, mas ele falou para eu não mexer. Aí ele foi e pegou um
pano, molhou e começou a tirar as secreções. Eu fiquei perto da porta. Querendo
correr. Mas querendo olhar. Querendo gritar. Querendo chorar. Depois ele
levantou a cama, e saiu. Ela ainda continuou como se tivesse muita secreção na
boca. Engasgando. Eu saí atrás de enfermeiros. Não tinha um na enfermaria e nem
no corredor. Voltava correndo para o quarto para ver minha mãe. Tentava ajudar pedindo para ela engolir ou cuspir. Sei que ela ficou um
tempo nesse sufoco, depois passou. E eu desabei a chorar.
Às 16h passou uma médica, Dra.Graziele. Estava com uma prancheta e papel na mão, fazendo algumas anotações. Ela falou sobre os resultados dos exames feitos ontem. Disse que deu "insuficiência renal" e "pneumonia". Como minha mãe está fazendo bastante xixi (a bolsinha está sempre cheia) - as pernas até desincharam - e a pneumonia está sendo tratada com o antibiótico, esses quadros devem reverter. Falei isso para ela, mas ela ficava repetindo a gravidade do resultado. Como seu eu não estivesse ouvindo. Ouvindo estava, mas não queria ouvir. Ou aceitar.
Outro momento angustiante foi às 16h30min, quando a enfermeira foi colocar o
antibiótico e viu que tinha perdido o acesso, que estava no braço esquerdo. Ela
procurou veia e como não encontrou chamou um enfermeiro. Comentou que talvez
tivessem que pegar do pé. Misericórdia, Senhor! Eu fiquei do lado de fora. Rezando e olhando o rosto da minha
mãe. Vi que ela não tinha expressão nenhuma. Não estava sentindo eles
mexendo nela. Isso me tranquilizou. O enfermeiro encontrou uma veia no braço
direito. Mas a enfermeira foi colocar o antibiótico e viu que não foi. Ou seja,
iam ter que procurar veia novamente. E esperou outra enfermeira para fazer
isso. Sei que o antibiótico que estava prescrito para ser dado às 16h30min foi dado
às 18h44min. Após a enfermeira colocar o antibiótico eu comentei que, por
essa dificuldade em encontrar veia, na Unicamp optaram por dar “tudo” via sonda.
Se não era o caso. Mas ela falou que só com prescrição do médico. E que era para
falar com o médico sobre isso. Coloquei no grupo dos “Irmãos” para a Silvana,
que vai ficar amanhã, falar com o médico.
Tirando esses momentos tensos... Não posso deixar de comentar do almoço
que estava muito gostoso. Veio uma marmita com: arroz, feijão, repolho refogado
e lagarto cozido. Sobremesa: gelatina de uva. Às 15h café da tarde. A
senhorinha que estava entregando disse que acompanhante não tem direito a café
da tarde, mas ela ia me dar. E me deu: duas bisnaguinhas, uma geleia e um copo
com chá (tinha leite com café, mas preferi chá).
Choveu durante a tarde. Percebi que esfriou, mas dentro do quarto a
temperatura estava amena. Até isso a gente não percebe reações da minha mãe. Se
ela sente frio. Calor. A gente cobre ou descobre conforme achamos necessário.
Sandro chegou e eu chamei Uber para ir para casa.
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