Há décadas as mulheres lutam para ter os mesmos direitos que os
homens. Já conseguiram muito: podem entrar num restaurante sozinhas, viajar
idem e até dividir as contas quando saem com o namorado. Mas em algumas coisas,
vamos reconhecer, jamais seremos iguais a eles. Não neste século, talvez no
próximo. Talvez.
Pense, por exemplo, num homem de 45/55 anos, inteligente,
charmoso, sarado, levemente grisalho, bem sucedido no trabalho, boa praça e
simpático. Quem não gostaria de namorar um homem assim? Esse tipo de homem
costuma ser o sonho de consumo das mulheres dos 30 aos 60.
Agora, vamos inverter: pense numa mulher entre os 45 e os 60,
inteligente, sedutora, com os cabelos começando a embranquecer, um sucesso na vida
profissional, elegante, culta, viajada. Quantos homens telefonam para ela por
dia tentando se aproximar? Quantos sonham em ter um romance com ela? Vamos
admitir: poucos. Nenhum, talvez.
É justo? Não. É assim? É. Por que será? Eu, cá com os meus
botões, penso que a culpa é um pouco nossa. Esses homens tão cobiçados - estou
falando dos solteiros, claro - não costumam passar a vida procurando
desesperadamente por uma mulher. Já nós - a maioria das mulheres, eu diria -
pensamos muito nisso. Quase que só nisso. Alguém já ouviu um homem dizer
"não tem mulher na praça"? Mas "não tem homem na praça"
estou exausta de tanto ouvir, das gatinhas de 20 às maduras de 60. Se já
podemos fazer praticamente tudo o que eles fazem, porque precisamos tanto
deles? Boa pergunta. Mas as coisas estão mudando; você já reparou que eles
estão querendo ficar igual a nós?
Existem coisas que um machão não podia fazer e agora ficou
decidido (por eles, claro) que pode. Com o surgimento do metrossexual, eles não
escondem que se depilam, fazem plástica, lipo, limpeza de pele, hidratam e
pintam os cabelos, usam vários cremes no rosto, e já existem muitas marcas de
produtos de embelezamento dirigidas exclusivamente ao público masculino. Além
disso, trocam as fraldas dos filhos, usam brincos, pulseiras e anéis, e só
falta mesmo vestirem saias e usarem sapato alto (Ronaldinho Gaúcho usa até aro
no cabelo). E não é por acaso que no Carnaval eles saem vestidos de mulher,
usam batom, blush e não dispensam nem os sutiãs.
E mais: agora resolveram entrar no sacrossanto recinto feminino,
que é a cozinha. Compram utensílios importados, vão à feira e inventam
receitas; para nós, mulheres, sobrou o pior: lavar as panelas. Um dia a gente
chega lá. Mas a natureza nos deu o maior de todos os privilégios: o de sermos
mães. Eles não falam disso, claro, e se Freud descobriu, cientificamente, que a
mulher tem inveja do pênis, nunca mencionou a inveja deles, que não podem
conceber um filho. Compreende-se: Freud, sendo homem, puxava a brasa para a sua
sardinha. A vida é muito boa, mas no dia em que deixarmos de lado essa procura
insana por um amor, um homem, um marido, acho que seremos mais felizes. E, se
pintar um homem, melhor ainda
Danuza Leão
P.S.: essa crônica saiu DAQUI!
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