Segredo nº 30 |
Diz-se que os jovens desperdiçam a
juventude. As pessoas que afirmam isto estão aceitando o mito de que só os
jovens podem aproveitar a vida plenamente. A verdade é que as pessoas mais
velhas não consideram que a juventude tenha sido a melhor época de suas vidas.
A maioria aprecia mais a maturidade do que qualquer outra fase da vida.
Um grupo de colegas de universidade,
que se encontram todos os anos, está reunido quarenta anos depois da formatura.
Em determinado momento, uma delas resolve perguntar às outras quais foram os
mitos que mais atrapalharam suas vidas.
Algumas dizem que foi o mito do
casamento perfeito, como nos filmes e contos que terminavam com “e foram
felizes para sempre”. Outras insistem que o mito da maternidade como uma
experiência maravilhosa as fez sofrer quando se depararam com cólicas do bebê
no fim da tarde e a sensação de que nunca mais teriam uma noite bem dormida.
Mas todas são unânimes em afirmar que o mito da juventude como uma fase
privilegiada gerou perplexidade e frustração. Falam de todas as inseguranças e
dúvidas, do tempo que levaram para tomar posse de si mesmas e deixar de
responder às expectativas externas. Lembram dos chás-de-cadeira nas festas em
que nenhum rapaz as tirava para dançar, da tortura do telefone que não tocava,
da incerteza ante o futuro.
E se dão conta, extremamente
satisfeitas, dos ganhos da maturidade. Há algumas rugas, os cabelos embranqueceram
– e foram pintados -, o corpo não tem os mesmos contornos da juventude e alguns
limites começam a se manifestar. Mas são pequenas perdas compensadas por
extraordinários ganhos. Aprenderam a administrar as crises do casamento e
construíram com o marido uma cumplicidade que garantiu uma feliz convivência.
Os filhos estão criados, e descobriram a maravilha que são os netos.
Constataram que ninguém “é feliz para sempre”,
mas que a vida é cheia de pequenas e grandes alegrias. Momentos de sofrimento
são inevitáveis, mas aprenderam e sabem que a capacidade de superação do ser
humano é extraordinária. Sentem-se mais livres, mais capazes de fazer suas próprias
escolhas e de usufruir o que está a seu alcance. Nenhuma delas lamenta a
juventude perdida e algumas chegam a afirmar: “Eu não queria voltar de maneira nenhuma
aos meus dezoito anos!”
Um grupo de pesquisadores realizou um
estudo de longo prazo com habitantes do norte da Califórnia, entrevistando-os
diversas vezes ao longo de três décadas. Quando lhe perguntavam qual a época
mais feliz de suas vidas, oito em cada dez pessoas respondiam “agora”.
Field, 1997
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