Ao chegar na porta da sala do Henrique, vi ele sentado. Quietinho. Estranhei. Perguntei se tinha acontecido alguma coisa. Ele disse que nada.
Quando ele chegou na porta, a professora falou que ele almoçou bem. Duas vezes. A primeira, só arroz. Na segunda, arroz e feijão.
Nós descemos e ele foi conversando. Não falou nada de entrar no bazar. Na frente da entrada do condomínio ele quis parar para ver um caminhão passando.
A gente estava para
entrar no bloco e vimos o mesmo caminhão, manobrando dentro do condomínio. Foi
retirar uns galhos que tinham cortado. Henrique quis ficar olhando.
Nós entramos. Ele tirou a roupa, como sempre. E pediu
para eu pegar a caixa com os robôs, que fica em cima do guarda-roupa. Perguntei
para o Danilo se podia. E peguei.
Henrique ficou muito feliz, pois dentro da caixa
tinha também a maletinha com Lego. Ficamos sentados no chão, montando os robôs.
Depois o Henrique falou: _E o meu leitinho? Como eu tinha
colocado feijão para cozinhar, o almoço ia demorar. Então dei o leitinho. Isso
era 12h18.
Continuou brincando com os robôs. Montando Lego. Foi para a cama e ficou jogando videogame no meu celular. Depois assistindo
desenho. Rolava pra cá e pra lá, na cama. Agora vai dormir, pensei. Que nada!
Quis ir para a sala. Almoçamos e depois de uma hora fomos para a quadra.
Henrique vestiu o uniforme do Barcelona, chuteira CR7
e pegou a bola pequena. Falei se não seria melhor a bola do Barcelona. Mas ele
não quis saber. Henrique é assim. O que ele decide. Tá decidido! Raras vezes
ele volta atrás.
Estávamos brincando, Henrique suou até tirar a camiseta. Logo chegaram o Pietro, o Júnior e a Sofia. Eu deixei o Henrique brincando com eles. Para eu descansar um pouco.
Eles começaram a brincar de procurar gravetos, pra simular uma fogueira. Não iam tacar fogo, porque não tinham fósforo. E porque eu já fui avisando que não era para eles fazerem isso.
A Manu e a Ana Laura chegaram também. Ficaram sentadinhas, fazendo arte.
Literalmente. A Manu fez uma espada de papel para o Henrique. Engraçado que ela
fez com tanto carinho e foi entregar para ele. Ele não quis pegar. Não sei se
ficou sem graça.
E quando eu falei que ela tinha até escrito o nome
dele na espada, ele foi olhar. E falou para mim, que ela tinha escrito errado.
Não colocou o “H”.
Eu estava querendo ir embora, pois o tempo estava fechando. Muitas nuvens escuras no céu. E a criançada querendo brincar. Quiseram montar time. Complicado. Só brigavam. O Henrique que não entende como funciona. O Júnior ficava
prendendo a bola. O Pietro queria correr, mas as meninas ficavam bravas com
ele, porque ele tem asma. Falaram que a mãe dele tinha proibido ele de ficar
correndo.
Uma hora o Junior chutou a bola forte e alta. Por ser pequena, ela
vazou pela tela e caiu pra fora do condomínio. A nossa sorte foi que uma mulher estava passando.
Pegou a bola e jogou pra gente. Se não fosse ela, até a gente dar a volta no condomínio, provavelmente não ia conseguir recuperar a bola.
E para finalizar a brincadeira, em uma corrida com a
bola, o Júnior derrubou o Henrique. Ele começou a chorar. Não machucou nem nada. Na verdade o Henrique já estava cansado. Devia estar com sono. Falei isso para as crianças. Para não se sentirem culpadas. Peguei o Henrique no
colo. Peguei a bola e fomos embora.
Chegando no apartamento, coloquei ele para tomar
banho. Depois dei leite. Achei que ia dormir, mas o Danilo chegou e ele estava acordadão.
Apesar de o Danilo ter demorado, eu não estava com
muita pressa, pois fui dormir na casa da minha mãe. Parece que Henrique estava
adivinhando, porque falou para eu dormir lá.rsrs