Após
assistir “A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata”, resolvi assistir
este filme. Ele não foi recomendação de ninguém. Somente vi a foto da capa, li
a sinopse e fiquei interessada. E vamos a ele...
Título
original: Vivir dos veces
Ano
lançamento: 06 de setembro de 2019
(Espanha)/101min
Gênero:
Drama
Nacionalidade:
Espanha
Direção:
María Ripoll
Elenco:
Oscar Martínez, Inma Cuesta, Mafalda Carbonell, Nacho López, Aina Clotet
Sinopse:
Emílio (Oscar Martínez) é um professor de matemática aposentado que curte a
vida. Faz Sudoku (que ele insiste em chamar de quadrado mágico), passeia por aí
e faz suas coisas. A situação complica, porém, quando ele é diagnosticado com
Mal de Alzheimer e, assim, enxerga a oportunidade final de sair pela Argentina
para encontrar o seu eterno romance de juventude.
O resumo abaixo peguei neste site.
"Emilio é uma
pessoa orgulhosa, a reação dele, logo no início, ao ser flagrado tentando pagar
pela segunda vez à garçonete, ou a agressividade no trato com a médica, que
piora exatamente quando ele, um professor de matemática (de universidade, como
ele enfatiza), precisa responder simples questões numéricas, sintetizam a
angústia de quem descobre, no crepúsculo da existência, que desperdiçou tempo
precioso na busca por reconhecimento intelectual, deixando se apagar a chama do
primeiro amor, a doce Margarita.
É bonita a transição operada no momento em que o médico informa que sua condição de saúde será agravada, que ele terá sua capacidade de resolver problemas afetada, encontramos seu olhar distante em um plano de detalhe, que, imediatamente, conduz o espectador à lembrança mais terna de sua juventude, admirando a bela jovem que entoa despreocupadamente uma canção. No mesmo simbolismo, quando ele pergunta no consultório sobre uma possível solução, a edição nos leva de volta para o passado, talvez o momento específico que o rapaz mais lamente, as costas da menina, que se afasta em câmera lenta, a promessa de um passeio pela areia da praia que jamais aconteceu.
É bonita a transição operada no momento em que o médico informa que sua condição de saúde será agravada, que ele terá sua capacidade de resolver problemas afetada, encontramos seu olhar distante em um plano de detalhe, que, imediatamente, conduz o espectador à lembrança mais terna de sua juventude, admirando a bela jovem que entoa despreocupadamente uma canção. No mesmo simbolismo, quando ele pergunta no consultório sobre uma possível solução, a edição nos leva de volta para o passado, talvez o momento específico que o rapaz mais lamente, as costas da menina, que se afasta em câmera lenta, a promessa de um passeio pela areia da praia que jamais aconteceu.
A pequena Mafalda Carbonell é o ponto
alto da produção, vivendo a neta mal educada que não larga o celular,
entendendo perfeitamente o timing do humor nas interações mais ásperas, criando
situações hilárias de choque geracional. Falas como: “Mãe, leva ele para um
asilo, como todo mundo faz”, ou, quando se refere ao pai, “coaching, uma
profissão (entre aspas) que ele (o pai) inventou para não admitir que está
desempregado”, conseguem vencer o desafio de se manter equilibrada na tênue
linha que a torna adorável. Nas mãos de uma atriz mirim menos talentosa, a
personagem poderia ser insuportável. Blanca é apenas o reflexo natural do
exemplo dado por seus pais, mas, diferente deles, ela se mostra mais
emocionalmente madura e, como toda criança, disposta a se adaptar com
graciosidade ao novo.
O pai (Nacho López) passa o dia vendendo uma imagem falsa de
segurança em vídeos para as redes sociais, e, claro, também não consegue
abandonar o celular sequer durante as refeições. O roteiro de María Mínguez se
mostra contundente ao reforçar a mensagem crítica aos adultos na reprimenda
vazia de significado que ocorre na mesa de jantar, já que ele nem se esforça em
agir da forma como prega, defendendo que “temos que viver o momento presente, o
aqui e o agora”. A realidade é radicalmente diferente, ele sustenta um
relacionamento de fachada com a esposa e abandonou a filha à solidão de babás
eletrônicas. O constrangimento na cena é palpável, o avô é uma peça
sobressalente naquela estrutura alicerçada em mentiras, da amabilidade frágil e
discursos memorizados, ao simples cigarro que a mãe (bela Inma Cuesta) fuma
escondido.
No
microcosmo familiar estabelecido na obra, representando uma sociedade que
exercita cada vez menos a empatia, um terreno inóspito em que o contato humano
se tornou algo raro, a mensagem transmitida no belíssimo final é de pura
esperança, falando diretamente à emoção de se perceber relevante na jornada de
outrem, reconhecer que sua passagem tocou de maneira profunda a vida de quem
amamos."
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá. Ficarei muito feliz com seu comentário. Só peço que coloque seu nome para que eu possa responder, caso necessário. Obrigada!