No dia seguinte a minha ida ao fórum, assinar os
papéis da separação, foi o aniversário da Letícia. Ela estava completando 12
anos.
A Adriana que é madrinha dela comprou um bolinho e
mais algumas coisas. Ela fez uma festinha para a Letícia, na casa da minha mãe.
Nesse dia, se algum dos meus tios ainda não sabia da separação, ficaram
sabendo.
Nos dias que se seguiram eu fiquei atrás de
transferir os filhos de escola. O Danilo e a Letícia ficaram em uma escola
municipal e estudariam no período da tarde. Já o Bruno ficou em uma escola
estadual, no período da manhã. As duas escolas no bairro. Comecei também a
procurar uma casa para alugar. Coloquei uma meta de em 06 meses vender a casa
em Araçatuba e a chácara para comprar um imóvel. Começamos a procurar no bairro
e encontramos uma casinha de fundo, na rua que fica atrás da casa da Adriana. E
o melhor... Consegui alugar por 06 meses, pois, o senhor que alugou era amigo
do Diogo. E o Diogo era o dono do barracão onde funcionava a academia da
Adriana e Karen. Não lembro por quanto eu aluguei a casa. Mas não devia sobrar
muito do valor da pensão.
Enquanto a gente procurava casa, fui com a Adriana
pegar caixas de papelão no Atacadão, para colocar os utensílios da casa.
Contratei um caminhão de um senhor que morava no Parque Santa Barbara. Foi ele
e os dois filhos carregar o caminhão.
No dia da mudança, estavam eu, Shirlei, Adriana e
Karen. Eu não tinha forças para nada. Ficava mais sentada no sofá, lamentando
do que qualquer outra coisa. Coitadas! Elas empacotaram tudo. A Adriana e a
Karen também fizeram viagens com o carro, levando as coisas que poderiam
quebrar no caminhão. Televisão, computador, aparelho de som, enfeites,
espelho... E olha que não era nada perto, uma casa da outra. Gente do céu! Como
eu juntei coisas. Tanto que o caminhão teve que fazer duas viagens. Também, eu
entrei naquela casa e fui comprando, comprando, afinal foram 18 anos para
mobiliar a casa. E como ela não era pequena, tinha móvel pra caramba!
Foi nesse dia que a mãe da Rose – que a gente chamava
de D.Dinda (ela mora em frente minha ex-casa) ficou sabendo que eu estava indo
embora, e o que tinha acontecido. Ela ficou boquiaberta. E como não ficar, não é? Até uma semana antes, eu estava ali. Tudo normal. E de repente estou indo embora.
Quando terminamos de carregar tudo, eu dei uma olhada
geral e despedi-me de tudo. Daquele lugar que tinha sido minha morada por
tantos anos. E fui embora...
Sei que ficamos na casa da Adriana entre 10 e 15 dias. Ou
seja, antes do fim do mês eu já estava na casa alugada. Além do aluguel eu
tinha contas que foram feitas antes da separação. Uma delas era a prestação da
máquina de lavar roupa. O telefone, a Adriana puxou extensão da casa dela para
a minha. Usamos durante todo o tempo que ficamos na casa. Já a NET eu ficava “chorando”
(literalmente) para os atendentes dizendo que eu não tinha como pagar, pois,
tinha separado. Eles ficavam comovidos com a minha situação e deixavam-me continuar
usando sem pagar. Foi assim por meses. Sei que não sobrava nada a pensão,
aliás... Faltava. Então comecei a pegar empréstimos da cooperativa.
Quanto a escola, as crianças se adaptaram bem. O
Danilo e a Letícia fizeram amizade com a criançada da rua. E como tinha criança
naquela rua. Nunca vi igual.
Já o Bruno deu um pouco de trabalho. Cheguei a ir
duas vezes com ele até a entrada da escola e ele não entrava. Isso porque ao acordar eu fazia chá de camomila para
ele e para mim. Conversava com ele. Pedia para ele me ajudar. Até mesmo a Jacqueline, minha amiga, falou
que ia pedir para o Ariel – filho dela, que estudava na mesma escola, para dar
uma força para o Bruno. E um dia o Bruno foi e ficou. Graças a Deus!
E assim, duas semanas depois da separação, estávamos
instalados e todos na escola. Eu ainda tinha que vender a chácara. A casa em
Araçatuba. Tentar comprar uma casa para sair do aluguel. E arrumar trabalho.
Mas antes disso eu tinha que parar em pé!!
Mas antes disso eu tinha que parar em pé!!
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