Somente depois de ter andado por terras estranhas
É que pude reconhecer a beleza de minha morada.
A ausência mensura o tamanho do local perdido, evidencia o que antes tornou-se oculto, por força do costume.
Abri o portão principal como quem abria um cofre que resguardava valores incomensuráveis.
Olhei minha mãe como se fosse a primeira vez.
Olhei como se voltasse a ser criança pequena e estivesse a descobrir-lhe as feições maternas.
As vozes do passado estavam reinauguradas.
Deitei-me em seu colo como se quisesse realizar a proeza de ser gerado de novo.
Enquanto suas mãos desenhavam carinhos sobre os meus cabelos, um outro movimento atingia minha alma.
Mãos com poder de sutura existencial.
Alinhavos que os dedos amarravam, enquanto o quente daquele colo me devolvia ao meu corte original.
A mulher em silêncio, meu melhor lugar.
De suas mãos um segredo se desprendia, uma voz delicada que só o amor nos proporciona ouvir.
"Dorme meu filho, dorme, porque enquanto você dormir eu o farei de novo.
Dorme meu filho, dorme."
Pe.Fábio de Melo
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