Depois de 45 anos de vida... 28
de estudos teológicos... 21 de carreira musical... e 15 de sacerdócio... o dia
em que descobriu que finalmente estava livre para ser o padre que bem
entendesse entrava para a lista dos momentos decisivos de sua vida. Era como os
aconselhamentos com a Tia Ló na adolescência, o encontro com padre Léo diante
de lágrimas e uma garrafa a’água no corredor do convento de Brusque, o dia em
que ele mostrou suas músicas ao padre Joãozinho, a gravação do primeiro disco
solo e a explosão do disco FILHO DO CÉU, a conquista do Brasil com o disco
VIDA, a chegada ao Canecão, o reconhecimento da Igreja ao convidá-lo a receber
o papa Francisco, e, mais recentemente, a chegada ao Theatro Municipal. A
experiência humorística no Snapchat, que seguiria se renovando com personagens
como Dioclécio, o Exausto, era “definitivamente, um divisor de águas pra mim...
se alguém tinha duvida da minha espontaneidade, não tem mais... do que eu posso
fazer para aproximar, pra estar perto e ser eu mesmo”.
Ser ele mesmo era mais importante
que tudo. O menino precisou ser “expulso” de sua cidade natal para fugir dos
problemas da família e descobrir o mundo, o adolescente que precisou aprender a
controlar seus instintos masculinos para ser padre, o seminarista que nem
conseguiu cuidar de seu lado travesso... Se Fábio de Melo passara a vida
amansando seu lado transgressor para que os críticos não se aproveitassem de
seus equívocos e tentassem desqualificá-lo, chamando-o de web-celebridade ou
padre-cantor... Se até Valéria, a grande amiga da adolescência, dizia que
preferia ficar com suas lembranças, pois, “o padre Fábio é um e o Fábio José,
filho da dona Ana, é outro”, agora Fábio José de Melo Silva descobria que podia
tudo ao mesmo tempo: teólogo e humorista, conselheiro e irônico, canto e pregador,
o que quisesse, pois as críticas não o atingiriam mais. Não precisava provar a
mais ninguém que sua principal missão era divulgar os ensinamentos de Jesus
Cristo, espelhando-se no modelo evangelizador do apóstolo Paulo, levando o
cristianismo a quem não o conhecia, interpretando-o quando julgasse necessário,
pregando em teatros, falando de religião quando não quisesse. Fábio de Melo
passava a ser Fábio de Melo em qualquer circunstância, ou Fábio José, ou Zé da
Silva, ou Fabinho, pois todos eles se reencontravam naquele padre único, que
agora vive por aí sorrindo e brincando como se ainda estivesse em Formiga.Em "HUMANO DEMAIS - A biografia do Padre Fábio de Melo", p. 402-403
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá. Ficarei muito feliz com seu comentário. Só peço que coloque seu nome para que eu possa responder, caso necessário. Obrigada!