Título: Quem me
roubou de mim?
Autor: Pe.Fábio
de Melo
Editora: Planeta
Páginas: 216
Sinopse: Em Quem me roubou de
mim? padre Fábio de Melo aborda uma violência sutil, mas destruidora, que
aflige muitas pessoas: o sequestro da subjetividade. Essa expressão pouco comum
refere-se à privação que sofremos de nós mesmos quando estabelecemos com
alguém, nas palavras do próprio autor, “um vínculo que mina nossa capacidade de
ser quem somos, de pensar por nós mesmos, de exercer nossa autonomia, de tomar
decisões e exercer nossa liberdade de escolha”.
Sequestro da subjetividade. O será isso?! A
princípio fiquei preocupada, pensando que talvez eu não fosse entender o
conteúdo. Mas vindo do padre Fábio, não devia me preocupar. Ele é muito prático
e paciente nas explicações. Ele inicia o livro falando um pouco sobre um tipo
de sequestro que bem conhecemos. O sequestro que tira a pessoa do meio em que
ela vive. Das pessoas que ela ama. Em seguida ele discorre sobre a
subjetividade. Como nós nos deixamos viver esse tipo de sequestro, sendo que na
maioria dos casos, nem nos damos conta de que estamos vivendo essa situação.
Ele nos mostra alguns tipos de
sequestros mais comuns. A dependência de bebidas, drogas. Quando ficamos
dependentes do namorado, esposo, ou mesmo um amigo. Tudo são formas de
sequestro. E ele cita histórias para melhor exemplificar. Também deixa claro
que muitos desses sequestros acontecem porque damos condições. Ou porque não
queremos decepcionar ou mesmo enfrentar o nosso “sequestrador”. Um exemplo é
quando um pai quer que o filho faça um determinado curso na faculdade - sendo
que o mesmo gostaria de fazer outro. Por obediência, medo ou mesmo por falta de
amadurecimento, a pessoa acaba fazendo a vontade do pai e com isso vive infeliz
pelo resto da vida, fazendo aquilo que não gosta.
Para chegar ao objetivo, nesse livro padre Fábio cita palavras como desejo, prazer, amadurecimento, ser uma pessoa simbólica ou diabólica, entre outras. E claro que a cada citação ele discorre para melhor entendermos. Achei interessante o que ele diz sobre o desejo e o prazer. A diferença entre os mesmos. Que muitas vezes desejamos uma
coisa, mas por um ímpeto fazemos outra, por puro prazer. Só que ele nos diz que
o desejo é algo bom, pois ele dura mais, nos motiva. Já o prazer, por outro
lado, não é bom, pois, é passageiro. Ele também cita alguns filósofos, afinal eles
nos deixaram teorias, na tentativa de ajudar a humanidade a se encontrar, seja se
encaixando no ambiente em que vive ou então em um encontro pessoal.
Se você leu tudo isso que escrevi
e ficou confusa (o), confesso... Eu também fiquei. Às vezes lia e me perguntava. O
que isso tem a ver com o tema do livro? Mas tem! É que como disse no início, como esse assunto é um pouco complexo, padre Fábio com a sua inteligência, navega entre as palavras na intenção de nos fazer compreender aonde ele quer chegar. E ele ainda faz melhor, nas páginas finais, ele nos convida à reflexão dizendo: “É hora da reação. A provocação
foi feita. Neste mundo de sequestrados e sequestradores, há sempre um detalhe
da história que nos toca. Ou porque promovemos o sequestro de alguém, ou porque
estamos vivendo os lamentos de um cativeiro em que fomos colocados, ou porque
simplesmente descobrimos que há aplicações deste texto em nossa vida. Não
importa onde estamos. O que importa é aonde podemos chegar. Não importa o que
fizemos até agora, mas sim o que podemos fazer com tudo o que fizemos até agora.
Creio que é sempre tempo de abrir cativeiros. Ou para que o outro saia ou para
que nós saiamos”.
E ele encerra com algumas perguntas
para refletirmos, na esperança de que, depois delas possamos agir
com mais coerência, ao longo de nossa vida.
- Dos relacionamentos que você
teve, quais foram as ocasiões em que verdadeiramente você foi modificado para
melhor?
- Quais são as pessoas que
passaram pela sua vida, que o alteraram de maneira positiva?
- Quais são as boas saudades que
elas deixaram?
- Quem foram as pessoas que mais
favoreceram seu crescimento afetivo, proporcionando-lhe uma relação em que
pudesse entrar em contato com seus defeitos, qualidades, e, consequentemente, o
ajudaram no processo de tornar-se pessoa?
- Onde é que você pode
identificar, nas páginas de sua história, os acontecimentos em que sua
liberdade foi promovida por alguém?
O contrário também precisa ser
perguntado.
- Quais foram as pessoas que mais
deixaram marcas negativas dentro de você?
- Quais são as piores lembranças
registradas em sua memória afetiva?
- Quantas e quais pessoas
desempenharam em sua vida o papel de sequestradoras, mantendo-o nos territórios
minguados de um amor possessivo, desumanizador?
- Quantas vezes você pôde
identificar em seu coração um jeito estranho de querer possuir o outro,
impedindo-o de exercer sua liberdade?
- Será que você é lembrança doída
na vida de alguém?
- Será que já construiu
cativeiros?
- Será que já viveu em algum?
- Será que você foi capaz de
pagar o resgate de alguém. Com sua palavra, com sua atitude, com o seu jeito de
viver?
- Será que já idealizou demais as
situações, as pessoas e por isso perdeu a oportunidade de encontrar as
situações e as pessoas certas?
- Se hoje você tivesse que
classificar sua postura no mundo, você se definiria como uma pessoa simbólica
ou diabólica?